O primeiro-ministro adiantou, em entrevista à TVI, que a GNR lhe comunicou quais as circunstâncias em que se propagou o fogo, na estrada nacional 236-1, entre Castanheira de Pêra e Pedrógão Grande, no último sábado.
António Costa diz que a explicação de que o fogo terá atingido a estrada de forma "inusitada e repentina" é "consonante" com a descrição feita tanto pelos responsáveis no terreno como pelos populares que assistiram.
O primeiro-ministro respondeu ainda à pergunta sobre se a GNR estava a cumprir uma ordem quando deixou aquela estrada aberta e permitiu que os populares seguissem por essa via.
António Costa fala sobre o que se passou na N236
"Que eu tenha conhecimento, não há nenhuma instrução específica para o encerramento daquela via, porque a ameaça naquele local surgiu de forma repentina e inusitada. Os testemunhos que ouvi foram de que tudo aconteceu em poucos minutos e foi como que um furacão", adiantou.
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De uma coisa António Costa mostrou-se convicto, de que "algo de especial" aconteceu naquele lugar "num curto espaço de tempo", porque só assim se justifica que num incêndio que consumiu cerca de 30 mil hectares, o conjunto de cadáveres tenha sido encontrado em cinco quilómetros quadrados.
Por isso, afirma precisar de saber se houve algum fenómeno climático e geofísico que "tenha determinado este desfecho".
António Costa diz que precisa de uma explicação científica para perceber o que aconteceu
A trovoada seca foi "a causa", mas "não chega, não pode ser só isso", afirmou, sublinhando que as testemunhas dizem que houve "uma espécie de furacão".
O Primeiro-Ministro garante ainda que, até ao momento, não lhe chegou qualquer evidência de que houve falhas no combate aos incêndios, que já vitimaram 64 pessoas.
António Costa diz não ter evidências de terem existido falhas
António Costa disse que, até todas as circunstâncias ficarem apuradas, mantém "a confiança na cadeia de comando" e na Ministra da Administração Interna.
O primeiro-ministro afirma também que não tem provas de que houve falhas na cadeia de comando, no combate aos incêndios que já resultaram na morte de 64 pessoas.
António Costa diz que mantém confiança na cadeia de comando
O Primeiro-Ministro disse esta terça-feira, em entrevista à TVI, que mantém "a confiança na cadeia de comando" e que assim vai continuar "até as circunstâncias estarem concluídas"
"Se no final houver responsabilidade teremos que tirar consequências, mas até ao momento não tenho evidência de que tenha havido qualquer falha na cadeia de comando", afirmou o primeiro-ministro.
António Costa afirmou também manter toda a confiança na ministra Constança Urbano de Sousa, que "tem sido uma excelente ministra, que tem gerido e enfrentado esta situação, que é muito difícil".
O primeiro-ministro adiantou ainda que, contrariamente ao que inicialmente previra, o número de mortos não deverá aumentar mais, pelo menos de forma significativa.
Segundo explicou, havia a expectativa de poderem ser encontradas mais pessoas mortas em aldeias queimadas onde os bombeiros ainda não tinham conseguido entrar. No entanto, António Costa garantiu que todas essas aldeias já foram vistoriadas e mais nenhum cadáver foi encontrado, pelo que novas mortes, a surgirem, deverão decorrer de feridos graves.
Sobre os bombeiros que vieram da Galiza para prestar auxílio no combate aos incêndios e que terão sido recusados, o primeiro-ministro disse que estão a ser solicitadas as ajudas que os comandos consideram necessários, e que o acréscimo de meios tem de ser usado "na justa medida".
"Temos quase 3 mil homens envolvidos no combate aos fogos e temos que confiar, temos uma estrutura profissionalizada na Proteção Civil que está a atuar de forma coordenada", afirmou, explicando que quando se está no meio de uma frente de fogo e há alterações súbitas, geram-se momentos de grande tensão.
"Mas temos que confiar nesta estrutura, que está consolidada há mais de 11 anos, que tem respondido com eficácia", referiu, acrescentando que no final será feita a avaliação dos resultados e, em função disso, se agirá.
Quanto a uma reforma da floresta, António Costa diz que não pode pedir à Assembleia da República para a fazer "em cima do joelho".
Segundo o governante, a reforma estrutural da floresta "é trabalho para a próxima década, seguramente".
"Com o tipo de plantação que temos, com a densidade florestal, a estrutura de propriedade que temos" a reforma estrutural não se resolve de um momento para o outro, até porque exige várias etapas, nomeadamente consenso político alargado, debate sério, identificação de proprietários e limpeza das florestas.
No entanto, admite que "o tempo esgotou-se" e que "esse trabalho de fundo tem de ser feito"