O presidente da Cimeira do Clima diz que Comunidade internacional está a contar com o pragmatismo de Trump. Associação ZERO olha de forma positiva para os resultados de Marraquexe.
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O presidente da 22.ª conferência internacional da ONU sobre o clima (COP22), Salaheddine Mezouar, apelou hoje para o pragmatismo do Presidente norte-americano eleito, Donald Trump, que ameaçou desvincular Washington do acordo mundial para travar o aquecimento global.
"A mensagem [da conferência] para o novo Presidente americano é simples: 'Contámos com o seu pragmatismo e com o seu espírito de compromisso'", afirmou o presidente da COP22 e ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino em Marraquexe, cidade que recebeu a conferência das Nações Unidas, cujos trabalhos terminam hoje.
"A comunidade internacional está empenhada numa grande batalha pelo futuro do nosso planeta, pela dignidade de milhões e milhões de pessoas", acrescentou numa mensagem dirigida a Trump e transmitida aos jornalistas presentes na conferência internacional.
Por essa razão, será imperativo "manter o rumo" e continuar a lutar contra as mudanças climáticas que, segundo especialistas, ameaçam o modo de vida da espécie humana, acrescentou Salaheddine Mezouar.
"Não temos absolutamente nenhuma dúvida sobre o espírito de pragmatismo do Presidente Donald Trump, nem do compromisso demonstrado pelo povo americano como um todo", salientou ainda.
A COP22 ocorre um ano após o Acordo de Paris, quando 195 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovaram o acordo para limitar o aumento da temperatura do planeta em até 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.
O desafio nesta conferência do clima em Marrocos foi alcançar um consenso sobre as regras de como aplicar o Acordo de Paris. Na quinta-feira, os Estados participantes aprovaram a "declaração de Marraquexe", em que apelam para "o compromisso político máximo" contra o aquecimento global.
Esta reunião foi marcada pela recente eleição de Donald Trump, que declarou diversas vezes durante a campanha presidencial considerar o aquecimento global "um embuste" e que anunciou que iria cancelar os pagamentos americanos aos programas da ONU na área das alterações climáticas.
Posição da ZERO
Para a ZERO é "unânime o entendimento de que a ameaça das alterações climáticas e as consequências que já se fazem sentir têm, na aplicação do Acordo de Paris, grande parte da solução negocial à escala internacional. Todos os países, incluindo os Estados Unidos da América (ainda sob a administração do Presidente Obama), reiteraram que o caminho de uma forte redução de emissões de gases com efeito de estufa é absolutamente crucial e deve ser tão imediato quanto possível para assegurar o objetivo de não ultrapassar desejavelmente um aumento de temperatura superior a 1,5 graus", pode ler-se num comunicado.
De acordo com o presidente da ZERO, Francisco Ferreira, "A Proclamação de Ação de Marraquexe para o Clima e Desenvolvimento Sustentável, subscrita por todos os países presentes, é um documento inspirador, mas que se deve traduzir desde já e de forma coerente em ações relevantes".
"É de elogiar a definição de um roteiro rápido e claro para que a operacionalização do Acordo de Paris possa estar concluída em 2018; é fundamental que todos os países em 2018 estejam preparados para rever os seus compromissos", adianta Francisco Ferreira.
"Teriam sido desejável mais e melhores resultados nesta COP 22, mas infelizmente, a complexidade e dificuldade nalgumas áreas (financiamento, transparência, entre outras), não permitiu ir mais longe", concluiu.