A última época gripal sazonal ficou marcada por um aumento de óbitos. Houve mais de 5.500 mortes acima do esperado. O número consta do relatório do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, que está a ser apresentado esta terça-feira, em Lisboa, num encontro que junta peritos e médicos.
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Na época passada a atividade gripal foi intensa, muito particular e prolongada no tempo - entre janeiro e fevereiro deste ano.
A descrição é de Raquel Guiomar, responsável pelo Laboratório Nacional de Referência para o vírus da gripe do Instituto Ricardo Jorge. Tudo junto, os números refletiram um aumento da mortalidade face aos anos anteriores.
"Houve um excesso de mortalidade que coincidiu com o período de epidemia da gripe e estimou-se um excesso de cerca de cinco mil óbitos", afirmou à TSF Raquel Guiomar.
Mais 5.591 mortes, no total. Um aumento que se justifica por dois fatores. "Podem estar muitos fatores implicados. Sabemos que esse período de excesso de mortalidade coincidiu com a epidemia de gripa, mas também com temperaturas baixas para aquela época do ano", acrescentou a responsável do Instituto Ricardo Jorge.
Raquel Guiomar explica, ainda, os vírus e a vacina não coincidiram num grau de efetividade elevado. "Sabemos que a vacina para o vírus AH3 teve uma efetividade moderada a baixa. Os vírus eram, efetivamente, diferentes da vacina. No entanto, estes óbitos também ocorreram numa faixa etária de indivíduos mais velhos, com mais de 75 anos".
Apesar deste desencontro, habitual, explica Raquel Guiomar, a vacinação aconselha-se. A responsável do Instituto Ricardo Jorge garante que continua a ser a melhor forma de prevenir a doença provocada pelo vírus da gripe.