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Apesar do aumento da fiscalização das baixas médicas, a Segurança Social registou nos primeiros três meses do ano um número recorde de trabalhadores em casa doentes que não se via há pelo menos quase duas décadas.
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Nos primeiros três meses de 2018 pediram-se 5 mil baixas médicas por dia, em média, mais cerca de 800 que no mesmo período de 2017.
Em janeiro, fevereiro e março contaram-se 450 mil subsídios por doença, mais 70 mil (+18%) que em igual período do ano passado.
A última vez que se tinham registado números parecidos na série de quase 20 anos disponível no site da Segurança Social foi em 2001 (435 mil) quando a população a trabalhar era superior à de hoje.
Governo confirma aumento
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Fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social confirma que já notaram este aumento detetado pela TSF, nomeadamente pelo crescimento da despesa.
No entanto, o governo acrescenta que, comparando com o que se passou em 2017 e 2016, a relação entre despesa-receita das contribuições para a Segurança Social se manteve estável".
Ou seja, defende o Ministério, "usando o indicador da despesa (mais fiável do que o número de baixas) podemos concluir que a tendência observada acompanha o crescimento do emprego".
Os números consultados pela TSF revelam, contudo, que apesar do crescimento da população empregada (que naturalmente aumenta o número de baixas), os pedidos de subsídio de doença nunca foram tão altos nos últimos 18 anos, mesmo quando a população a trabalhar era muito superior.
Ouça o resumo dos números pelo jornalista Nuno Guedes.
Por exemplo, em 2001, último ano com dados divulgados no site da Segurança Social, a população empregada ultrapassava os 5,1 milhões de pessoas, mais que os 4,8 milhões registados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística.
Médicos de família apontam várias razões
O presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Família admite que tem lógica o argumento de que o aumento da população ativa fez aumentar as baixas, mas adianta que isso não explica tudo.
Rui Nogueira acredita que há várias explicações para este crescimento abrupto de baixas, mas adianta duas: um surto de bronquite; e o aumento da população ativa com mais de 50 ou 60 anos.
O representante dos médicos de família diz que são várias as razões que podem justificar este crescimento tão grande de baixas.
Do lado dos patrões estes destacam o crescimento das fraudes nas baixas médicas e os sindicatos defendem que o aumento da idade da reforma leva, naturalmente, cada vez mais trabalhadores a ficarem doentes .