D. Ilídio Leandro, de 67 anos, abandona, por motivos de saúde, nas próximas semanas, a diocese de Viseu. Já recebeu notícia da sua «resignação» por parte do Vaticano.
Durante 12 anos, marcou pela simplicidade e humildade o serviço às populações do interior centro/norte. De olhos abertos para a realidade social, religiosa e política que o envolve, constata, de modo inexorável, que «procura fazer um governo participado em comunhão com as pessoas».
Ouça a entrevista na íntegra de Manuel Vilas Boas ao Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro
Célebre pela defesa do preservativo, o bispo de Viseu, nesta entrevista à TSF, voltou a afirmar que «o aborto nunca, mas o uso do preservativo pode ser equilibrador duma relação a dois».
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Sobre a questão dos recasados católicos, não tem dúvidas que «a igreja está mandatada para não deixar perder as pessoas».
Sem reservas à geringonça, não o incomodam também as diferentes sensibilidades políticas: «a mim não me afeta ser de esquerda ou de direita, desde que os direitos humanos das pessoas, sobretudo das que mais precisam, sejam salvaguardados».
Há muito a mudar na ação dos políticos profissionais
Nas questões fraturantes, D. Ilídio Leandro observa que «a Igreja não está nem na vanguarda nem na retaguarda, está no direito e nas opções humanas que, naturalmente, uma posição cristã defende. A tempo, o ainda bispo de Viseu verifica que «há muito a mudar na forma dos políticos profissionais olharem os problemas das pessoas e, concretamente, do interior».
D. Ilídio permanece ainda traumatizado pela devastação dos incêndios que fizeram 19 mortos na sua diocese. Louva, entretanto, a generosidade das suas gentes, do clero às instituições, sobretudo a Caritas.
A sua disponibilidade leva-o a «entregar» o seu telemóvel a quem quer que seja e a atender, na sua casa, sem marcações. O repórter dá testemunho da qualidade e serviço do café, prestado pelo próprio bispo.