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Dois casais em segundo casamento vão ser, de forma inédita, readmitidos na igreja católica, podendo aceder a sacramentos como a comunhão, após um "processo de acompanhamento e discernimento" promovido pela diocese de Braga.
"Ao fim de um ano de acompanhamento, daqui a algum tempo, teremos umas duas famílias a serem reintegradas na igreja neste sentido pleno, ou seja, através da comunhão eucarística", revelou à TSF o arcebispo primaz de Braga, D. Jorge Ortiga.
A diocese de Braga foi a primeira do país a criar, no início deste ano, um serviço de acolhimento e apoio aos cristãos divorciados e recasados, em resposta a uma exortação do Papa Francisco ("A Alegria no Amor") nesse sentido.
"Desde o princípio sempre dissemos que era um processo lento, que não era chegar ali e comprar um bilhete de acesso. É um processo de longa caminhada para poder fazer um discernimento e ver até que ponto aquela nova relação, após uma outra que não tinha corrido bem, está orientada para uma vida estável, com a exigência cristã e com o seu compromisso de fé", acrescenta Jorge Ortiga.
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"Desde o princípio que dissemos que era um processo lento (...)Não foram muitos casos. Tanto quanto eu sei foram uns cinco ou seis."
Ao inédito serviço, criado no âmbito da Pastoral Familiar, recorreram "cinco ou seis casais" que aceitaram submeter-se a um processo de "discernimento" orientado por um grupo de padres jesuítas, um casal de leigos e um psicólogo.
"Está a ser uma experiência muito positiva para os casais porque repensam a sua vida, a sua relação a dois, a relação com os filhos, com o cônjuge anterior, num relacionamento de pacificação para poderem ter uma relação tranquila com todos. Portanto, é um processo lento, não é um curso que se tira em meia dúzia de meses. Cada situação é um caso", descreve o arcebispo de Braga.
D. Jorge Ortiga disse ainda que lamenta a "confusão" que se gerou quando este serviço foi anunciado esclarecendo que a carta pastoral "Construir a casa sobre a rocha" visa dar apoio a "todos os problemas da família", nomeadamente nos casos de violência doméstica, carência económica, pessoas com intenção de divórcio, problemas na relação com os filhos.
Além disso, vincou ainda o arcebispo de Braga, ninguém é excluído da igreja. "Mesmo aqueles que não estejam ainda em condições, através do tal discernimento, para aceder à comunhão podem participar em tudo quanto é a vida da igreja, seja em iniciativas de ordem social ou de ordem mais eclesial. Temos acolhido toda essa gente. Há pessoas divorciadas que estão hoje em movimentos e estão a fazer um bom trabalho em prol daquelas que são as finalidades da própria igreja", disse.