Brasil: nove balas fizeram mais uma vítima nos ambientalistas da Amazónia

Luiz Araújo é mais um nome que se junta a casos famosos como o do ativista Chico Mendes. Mas desta vez o alvo dos assassinos foi um autarca. Os especialistas lamentam "um desenvolvimento preocupante".

O sol já se tinha posto quando Luiz Alberto Araújo estacionou o carro à porta de casa. É nessa altura que uma mota para ao seu lado e são disparados sete tiros contra o autarca de 54 anos.

Depois o assassino sai da mota e dispara mais duas vezes. O corpo do autarca cai inanimado para o lado. Mais nenhum ocupante do veículo foi atacado. Não houve qualquer tentativa de roubo.

O assassinato, em Altamira, uma pequena cidade encostada ao Riu Xingu, no coração da Amazónia, tem todas as marcas dos crimes contra ambientalistas.

O Pará é descrito como um estado sem lei onde a desflorestação, as minas ilegais e até a escravatura moderna estão disseminados por toda a parte.

Luiz Alberto Araújo, era o vereador do ambiente em Altamira e sua morte "envia a mensagem de que não há ninguém intocável". O seu "assassinato marca um novo ponto baixo na guerra contra os ambientalistas da Amazónia brasileira" diz ao jornal The Guardian, Billy Kyte, da organização não-governamental Global Witness.

No Brasil, e desde 2012, foram mortos mais de 150 ativistas do ambiente. Um número representa mais de metade dos assassinatos deste tipo em todo o mundo.

Susana Fonseca da associação ambientalista Zero avança com números recentes das mortes de ambientalistas na Amazónia e admite que o clima de "impunidade" que se sente na região, abre caminho a mais mortes

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O trabalho de Luiz Alberto Araújo está no centro de várias áreas. A luta contra a desflorestação - que no Brasil subiu em 24% - e as consequências de uma nova barragem, a de Monte Belo, construída perto de Altamira e as concessões de minas de ouro no local.

A empresa dona da barragem acabou de ser multada em 10 milhões de euros pela morte de 16 toneladas de peixe na altura do enchimento da mesma. Já a licença atribuída pelo departamento de Luiz Alberto Araújo a uma grande exploração mineira foi retirada por ordem federal e os seus operadores multados em 15 milhões de euros. Os mineiros deitaram árvores abaixo quando não o podiam fazer.

A polícia local está a investigar o assassinato e admite que o trabalho desenvolvido pela equipa de vereação do ambiente pode ser um dos motivos para o crime.

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