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Pela primeira vez na História, a Humanidade conseguiu captar a imagem de um buraco negro, um dos maiores mistérios do Universo. Desde 2012, uma parceria internacional, com mais de 200 pessoas, está a estudar tudo o que existe em volta dos buracos negros e, esta quarta-feira, foi divulgado o resultado a todo o mundo.
Miguel Gonçalves, coordenador da Sociedade Planetária, explicava à TSF que se trata de um "marco histórico" que pode ser dividido em duas conquistas, uma científica e uma tecnológica.
O projeto Telescópio Event Horizont (EHT, em inglês) vai permitir validar a Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein.
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O especialista realça que o Sagitário A é "o monstro que habita o coração da via láctea", uma zona "extraordinariamente densa que consegue ter a massa de quatro milhões de vezes a massa do sol".
Até agora, o que havia era "todo um conjunto fortíssimo de indícios da existência desse buraco negro", nomeadamente através do "comportamento da órbita de algumas estrelas nessas proximidades, em que essa órbita era afetada claramente por esse buraco negro", mas o projeto do EHT pretende ir mais longe.
"Ciência deu lição aos políticos"
O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, mostrou-se muito orgulhoso com a fotografia do buraco negro divulgada esta quarta-feira.
"Estou verdadeiramente orgulhoso. Orgulhoso da ciência porque hoje a ciência deu uma lição aos políticos. Mostrou que para tirar uma fotografia ao sonho de um homem há 100 anos, precisamos de pessoas de 40 países, precisamos de gente de todo o mundo", sublinhou o comissário europeu português, recordando o físico Albert Einstein.
"Estamos prontos a tirar uma fotografia. Uma fotografia de algo que um homem, um único homem, sonhou e imaginou há 100 anos. Em 1915, Albert Einstein imaginou isso. Esta ideia de que um grande peso, transforma a geometria. Que quando a massa é muito pesada, nasce um buraco, um misterioso buraco, de onde nada consegue escapar e para onde tudo é absorvido", frisou.
Imagem do buraco negro "vai ao encontro" da teoria de Einstein
O coordenador da Sociedade Planetária considera que o que hoje foi anunciado ao mundo vai ao encontro dos modelos teóricos defendidos por vários cientistas, entre os quais, o de Albert Einstein.
"É um dia marcado por esta revelação que bate certo com os modelos teóricos que tínhamos sobre o que seria as redondezas de um buraco negro", sublinhou Miguel Gonçalves, acrescentando que "a observação direta deste buraco negro bate muito certo com as previsões que tinham em consideração a teoria", que Albert Einstein defendeu há 100 anos.
Para o cientista, "o que vamos assistir a partir de agora é observação de outros buracos negros, como no coração da Via Láctea".
"É de facto um marco por uma razão muito simples: temos tecnologia e processamento de dados comprovados para analisar estes passos científicos", concluiu.
"Einstein estaria maravilhado"
Se o físico alemão Albert Einstein fosse vivo, certamente teria ficado pouco surpreendido mas absolutamente maravilhado, tal como José Afonso.
Em declarações à TSF, o coordenador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço explica porque se vê uma aura de fogo à volta de uma massa que engole até a luz, o que devemos esperar a seguir e como há 100 anos Albert Einstein foi tão rigoroso que deixou pouco espaço para grandes surpresas ao vermos o que imaginou.
Ouça a entrevista de Dora Pires ao coordenador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
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Notícia atualizada às 15h20