Já reza a lenga-lenga que o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. E a equipa de investigação da Fundação Champalimaud liderada por Joe Paton encaminhou a pergunta para os ratinhos de laboratório, numa investigação agora publicada pela revista Science.
"O que descobrimos é que as células que usam a dopamina estão ligadas à estimação do tempo", explica.
O que a equipa fez foi treinar os ratos para categorizar intervalos de tempo curtos e longos: "Depois observámos a atividade dessas células quando os ratinhos estavam a fazer os julgamentos e depois observámos que o nível de atividade estava relacionado com os julgamentos dos ratinhos. Quando tinham mais atividade nas células dopaminérgicas tinham mais probabilidade de julgar os intervalos como curtos e o oposto quando tinham menos atividade".
Seguidamente, os cientistas manipularam a atividade das células. Quando ativaram as células, os ratinhos consideravam os intervalos curtos. Quando as células eram inibidas, os intervalos eram entendidos como longos.
Como é que isso era feito? Responde Sofia Soares, que faz parte da equipa. "Nós colocámos ratinhos numa caixa com três locais, sendo um central, no qual iniciam uma tentativa e ouvem dois tons. Se a duração desses dois tons for menor que 1.5 segundos têm que ir para a direita e recebem uma recompensa. Se for maior, têm que ir para a esquerda para receber a recompensa".
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Ou seja, quando estamos a fazer alguma coisa que nos dá prazer o tempo voa. "Quando nos estamos a divertir, estes neurónios dopaminérgicos têm tendência para estar mais ativos e nessas situações, achamos que menos tempo passou", explica Sofia Soares.
O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.