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A lisboeta rua de Entrecampos foi, outrora, caminho das carroças ajoujadas de trouxas de roupa, trazidas pelos saloios e lavadeiras que desciam à capital.
O cenário de então, antes da construção das chamadas Avenidas Novas, era marcado pela ruralidade, Por ali havia quintas e terrenos verdejantes, que foram desaparecendo engolidos pela voracidade do betão. A rua perdeu a característica de artéria periférica e passou a ser parte integrante da grande cidade, absorvida pelo crescimento urbanístico.
Nas imediações da estação ferroviária, desde 1985 que um restaurante, espaço aconchegado e confortável, se distingue como um baluarte da cozinha tradicional portuguesa.
Matéria-prima de grande qualidade, excelência culinária e apresentação cuidada são algumas das características deste restaurante que ganhou um lugar muito próprio no panorama gastronómico lisboeta e alcançou estatuto de preferência junto de muitas figuras públicas.
Na sala, com teto em madeira e lambris em azulejo, impera o tom acastanhado das cadeiras e das mesas postas de acordo com o normativo de uma casa com um toque de requinte. A vasta garrafeira é um sugestivo elemento decorativo deste restaurante com uma ementa que proporciona uma certa viagem gastronómica através do país.
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Da morcela beirã ao presunto alentejano; à carne e às alheiras do planalto do Barroso e às feijocas serranas, a lista apresenta sugestões marcadas pela portugalidade.
Nas entradas, para além dos icónicos bolinhos de bacalhau, estaladiços, com fritura exemplar; das ameijoas à Bulhão Pato e dos muito apreciados peixinhos da horta, há morcela de Idanha-a-Nova grelhada com laranja ou alheira do Barroso na grelha.
Com um toque ibérico, a sugestão de presunto de porco alentejano com tosta de tomate e alho.
Outras propostas neste capítulo estendem-se aos ovos mexidos com linguiça e espargos bravos e aos cogumelos silvestres fritos com alho.
Transitando para os capítulos marcados pela substância dos pratos, há opções que remetem para apelativos arrozes de sabores marinhos: de línguas de bacalhau; de choco com tinta; de vieiras com amêijoas ou de polvo atabafado em azeite no forno.
Clássicas, pela qualidade culinária, as pataniscas de bacalhau com arroz de grelos, tão populares quanto os lombinhos de sardinha panados com arroz de feijão.
Nos pratos de carne, referência para dois pratos: perdiz no tacho com castanhas e arroz de fruto secos e cabrito frito com alho, acolitada por uma açorda de coentros.
As iscas à portuguesa, fritas na frigideira; as feijocas na panela à pastor e a ilhada de vitela barrosã no forno com batata à padeiro e arroz de salpicão acentuam o estatuto bem português da cozinha deste restaurante, igualmente expresso nas sobremesas: pudim abade Priscos, barriga de freira e leite-creme, entre outras.
Carta de vinhos de muito bom nível. Serviço profissional e simpático neste restaurante que continua em plano elevado. O Poleiro, em Lisboa.
Localização: Entrecampos, Lisboa
Telefone: 217 976 265