Cuidadores informais esperam uma "boa surpresa". Proposta de estatuto vai hoje a Conselho de Ministros

Presidente da Associação Nacional de Cuidadores Informais espera que a proposta de lei não tenda para a criação de "projetos-piloto".

A Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI) espera que venha aí uma "boa surpresa" na proposta de lei do estatuto do cuidador informal que vai, esta quinta-feira, ser aprovada em Conselho de Ministros.

O primeiro-ministro anunciou, esta quarta-feira, durante o debate quinzenal, o diploma que estabelece as medidas de apoio aos cuidadores informais e às pessoas cuidadas. A presidente da ANCI, Maria dos Anjos Catapirra, explica que o que a associação espera que seja aprovado aquilo que tem vindo a pedir ao longo dos últimos meses e que tal ajude a prevenir situações de risco de pobreza e de exclusão social.

"Tem muito a ver com as carreiras contributivas - que são extremamente importantes -, com os horários e a legislação laboral que nos dê alguns direitos como cuidadores, pelo menos aqueles que ainda estão a trabalhar. Acima de tudo, que tenha em atenção o facto de haver muita gente que cuida sem qualquer tipo de financiamento. Seria extremamente importante que se lembrassem de todas aquelas famílias monoparentais, das pessoas que param de trabalhar, que estão a viver não se sabe como, normalmente com um subsídio de 108 euros. Não é maior", alertou Maria dos Anjos Catapirra.

É precisamente no âmbito da situação de pobreza que a presidente da ANCI espera que surja uma "boa surpresa", recordando a situação financeira de muitos dos cuidadores.

"Estão empobrecidas, não têm condições para nada, estas coisas têm de acabar. As pessoas não têm que estar a sofrer na pele pelo facto de estarem a cuidar de alguém. Tem que haver um financiamento para os cuidadores enfermeiros. Isto era o que nós gostaríamos de ouvir amanhã [quinta-feira]. Tanto quanto sabemos, nesta fase, o Governo não fez a consulta de ninguém, nem de associações nem de partidos políticos. Vai ser uma surpresa para todos, só espero que seja uma boa surpresa", desejou em declarações à TSF.

Ainda assim, a surpresa pode não ser boa. Maria João Catapirra receia que o Governo apresente um projeto que não venha ajudar nem os cuidadores, nem quem precisa de cuidados, algo que lhe causa alguma "apreensão", principalmente pela ausência de intervenção política.

"Todos sabemos que os partidos, de uma forma ou de outra, todos têm intervindo e todos têm mostrado abertura para que haja um estatuto do cuidador informal. É muito estranho que, neste momento, não tenham a mínima noção do que vai a Conselho de Ministros", revelou.

A suspeita da ANCI é a de que "o que veio do Governo não seja exatamente" aquilo que os cuidadores pretendem.

"Ouvi as secretárias de Estado quando elas foram à audição no Parlamento e fiquei com a sensação de que havia uma tentativa de criar projetos-piloto para depois sair daí qualquer coisa. Projetos-piloto para os cuidadores informais não vão beneficiar ninguém, em nada. Se a dinâmica que o Governo vai implementar for essa, não vai ajudar nenhum cuidador informal neste país", alertou Maria João Catapirra.

Para já, o conteúdo do diploma mantém-se em segredo, uma vez que António Costa não quis revelar nada durante o debate quinzenal desta terça-feira.

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