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A Operestiva - Empresa de Trabalho Portuário de Setúbal afirma que só negociará contratos com os estivadores precários se estes cancelarem a greve e regressarem ao trabalho.
Esta manhã, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, escreveu uma carta, dirigida à Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) e à Comunidade Portuária de Setúbal, a pedir a redução dos trabalhadores precários" nas empresas, acabando com a greve dos estivadores que dura há várias semanas.
Em declarações à TSF, Diogo Marecos, gerente da empresa portuária, afirmou que a Operestiva está "totalmente de acordo" com a ministra do Mar e reconheceu que "existem muitos trabalhadores eventuais no Porto de Setúbal, mais até do que na maioria dos outros portos nacionais".
Diogo Marecos, representante da Operestiva, reconhece a existência de muitos precários na empresa
Os estivadores precários exigem um contrato coletivo de trabalho, mas Diogo Marecos afirma que, nesta altura, por uma questão de sustentabilidade financeira, a empresa não poderá realizar contratos efetivos com mais de 30 trabalhadores.
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"Por não termos ainda em concreto a dimensão dos prejuízos que esta situação está a causar ao porto, não podemos avançar com um numero superior", afirmou Diogo Marecos, acrescentando, no entanto, que há estivadores que querem ser contratados, mas que estão a ser muito pressionados [pelo sindicato] para não o fazer".
A empresa diz-se disponível para negociar com os trabalhadores, mas, para isso, exige que a paralisação termine.
Diogo Marecos enuncia as exigências da empresa para negociar com os estivadores
"Aquilo que pedimos é que seja cancelada a greve de forma imediata (...) para que as partes possam negociar o mais livres possíveis, procurem soluções ponderadas e que resolvam permanentemente problemas", explicou Diogo Marecos. "É um ato de boa-fé".
Administração do Porto de Setúbal incentiva negociações
Também a presidente do Conselho de Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra elogiou a iniciativa da ministra do Mar, lembrando, contudo, que a administração dos portos não é responsável pela contratação dos estivadores precários, mas sim as empresas que lá operam.
À TSF, Lídia Sequeira afirmou que a carta da ministra do Mar é "muito positiva", admitindo a existência de um número "exageradamente elevado" de trabalhadores precários.
Lídia Sequeira, da Administração do Porto de Setúbal, converge com a posição da ministra do Mar
Lídia Sequeira acredita que o conflito com os estivadores ficará resolvido desde que haja vontade de ambas as partes.
"Estou otimista, desde que as empresas empregadoras estejam dispostas a sentar-se à mesa para negociar um contrato coletivo de trabalho e que os sindicatos estejam também nessa disposição. Ninguém se sentará à mesa de negociações, sem que haja um regresso ao trabalho e o cancelamento do pré-aviso de greve existentes", retorquiu.
A presidente da Administração do Porto de Setúbal acredita num acordo entre as empresas portuárias e os trabalhadores
"O caminho da negociação e do diálogo é o único que permite uma solução sustentável", sublinhou a presidente da administração do porto.
*com Sara de Melo Rocha e Fernando Alves