Farto de maus artigos online? O futuro promete, mas cada um deve fazer a sua parte

Criador da Medium veio à Web Summit lembrar que a quantidade tem sido posta acima da qualidade. Para mudar isso, há que procurar consumir e apoiar o que é bom.

Se quer ler bons conteúdos online, tente pagar por eles, mesmo que não seja necessário. É uma proposta de Ev Williams, o criador da Medium, uma plataforma online que publica textos, notícias e crónicas escritas por pessoas de todo o mundo.

Nos últimos anos têm sido muitas as experiencias feitas para financiar o jornalismo, principalmente o que é apresentado online. A mais recente, que assenta na publicidade, já falhou aos olhos dos especialistas na área das publicações e por isso é preciso encontrar novas alternativas.

O futuro pode agora passar pelas ações de cada leitor: cada um vai pagar por aquilo que quer mesmo ler, mesmo que tal não seja completamente obrigatório. Ou pelo menos é aquilo que Williams espera que aconteça.

O criador da Medium considera que a sociedade criou um mundo em que a quantidade de conteúdos reúne mais atenção do que a sua qualidade. Para explicar este fenómeno, o norte-americano faz uma comparação curiosa: "criámos um sistema na sociedade em que o palhaço da turma, ou o miúdo que só desestabiliza na escola mas que não ajuda em nada as outras pessoas, se tornou num vencedor."

A falta de retorno financeiro das publicações tem levado ao aparecimento das chamadas paywalls, sistemas de subscrições que dão acesso a conteúdos exclusivos por parte dos leitores. A medida pareceu ter, de certa forma, levado a uma mudança de paradigma dos mercados de consumo de conteúdos. Ainda assim, Williams acredita que o melhor estará para vir.

"Ainda estamos um pouco na fase dos reality shows, mas há um lado premium que vai ser muito melhor do que o que alguma vez vimos. Vai ser ótimo para contar histórias, para o jornalismo, para novas formas de criar conteúdos que não se podem sustentar apenas à base de publicidade. O mercado foi retreinado, as pessoas já pagam" pelos conteúdos que querem realmente consumir. por eles

Partindo deste ponto, o patrão da Medium alerta que isto não significa que os bons conteúdos vão ficar todos escondidos atrás de pagamentos. A explicação é simples: "a forma como estes sistemas funcionam é uma que, na realidade, serve toda a gente. Na verdade, estas subscrições subsidiam o trabalho. Se não pode ou não quer pagar, os outros pagam o suficiente para compensar isso". Uma espécie de divisão justa do dinheiro investido, um altruísmo quase involuntário.

Ora, para que este livre acesso se mantenha, Ev Williams recordou um princípio que já tinha sido defendido esta segunda-feira pelo criador da Web, o físico Tim Berners-Lee. Se cada um fizer a sua parte da Internet, será mais fácil mantê-la saudável e, neste caso específico, com qualidade e sem "lixo" virtual.

Apesar da esperança num futuro risonho, questionado sobre se os jornalistas podem estar descansados quanto a serem substituídos por robots, Williams respondeu simplesmente "não posso prometer isso".

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