Catalina Pestana chegou às notícias em pleno terramoto na Casa Pia, logo a seguir à divulgação do escândalo de abusos sexuais. Na TSF, Bagão Félix homenageia a mulher que nomeou para a Casa Pia.
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Catalina Pestana entrou para a direção da Casa Pia para substituir o antigo provedor, a quem tinha sido instaurado um processo disciplinar. Saiu quatro anos e meio depois, tempo em que avançou com mudanças profundas na instituição conhecida por acolher crianças pobres.
Catalina foi a primeira mulher à frente da Casa Pia em mais de duzentos anos de história e avisou logo à chegada que não deixaria que passassem por cima dos direitos das crianças.
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Bagão Félix, que na altura era ministro da Segurança Social, foi quem a nomeou para o cargo.
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Ouvido pela jornalista Sónia Santos Silva, o antigo governante diz estar "profundamente grato a Catalina Pestana, pelo trabalho que fez" e recorda-a como sendo uma mulher "radicalmente humanista", "combativa" e que "esteve ao lado daqueles que não têm poder".
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Catalina Pestana deu a cara em defesa das vítimas de abusos sexuais da instituição que liderou e garantiu que esses abusos existiam desde o século XIX. Ouvida em tribunal, falou numa lei do silêncio dentro da Casa Pia.
Nascida em 1946, Catalina viveu a infância no Barreiro. Aos 24 anos organizou férias para filhos de presos políticos, passando a ser vigiada pela PIDE.
Depois do 25 de Abril assumiu a direção do Colégio de Santa Catarina da Casa Pia, único estabelecimento misto da instituição. Mais tarde coordenou a Prevenção da Toxicodependência nas escolas e foi diretora do Plano para a Eliminação do Trabalho Infantil.
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A TSF escutou, também o testemunho de Miguel Matias, advogado das vítimas do processo de pedofilia que envolveu a Casa Pia, que recorda Catalina Pestana como alguém que "Conseguiu unir a equipa e enfrentar tudo e quase todos, inclusivamente o poder político. Ela foi uma defensora intransigente das vítimas. Viveu tempos nada fáceis na instituição".
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Sobre o legado de Catalina Pestana na Casa Pia, Miguel Matias não tem dúvidas que a antiga provedora foi uma figura marcante. "Era mais do que uma chefe. Era a 'senhora', como a chamavam, que tinha um lado maternal. Apesar de ser determinada, também era muito doce".