"As religiões matam". A frase é do Frei Fernando Ventura que desabafa que "já não há paciência para os gajos da religião". A paz, defende o frade franciscano capuchinho, só se conquista com "o respeito absoluto pela liberdade e pela dignidade do outro, indo além da hipocrisia da tolerância. Odeio a palavra tolerância. Posso tolerar uma dor de dentes mas se digo que tolero alguém estou a colocar-me numa posição de superioridade".
O frade Fernando Ventura, que trabalha como intérprete na Comissão Teológica Internacional da Santa Sé, foi designado embaixador do Terra Justa, encontro anual que decorre até sábado em Fafe, com o objetivo de envolver os cidadãos na reflexão sobre as causas e valores da Humanidade.
Em declarações à TSF, Fernando Ventura falou sobre a importância de lugares como este para a construção da paz, uma responsável que é de todos. "Toda a gente é chamada a ser construtora da paz no seu espaço, acima de tudo essa paz mais difícil que é a construção do eu, essa busca da paz de cada um consigo, depois com os outros e depois, se calhar, com Deus. A tarefa e desafio de todos e de cada um é a de sermos gente com gente para cada vez mais gente seja gente e nunca ninguém deixe de ser pessoa".
A jornalista Liliana Costa conversou com Fernando Ventura sobre a importância de lugares como este para a construção da paz, uma responsabilidade que é de todos.
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Sobre o papel dos líderes religiosos na construção da paz, afirma que é preciso que "deixem de ser líderes religiosos para passarem a ser homens e mulheres de fé. Este é o tempo disso. Já não há paciência para, perdoem-me a vulgaridade da palavra, gajos e gajas da religião. Entenda-se religião como o conjunto de normas que me impedem de ser eu com os outros porque as religiões matam. Diante destas sou completamente ateu", desabafa.
O "Terra Justa - Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade" decorre em Fafe, de 18 a 21 abril.