- Comentar
A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) da Polícia Judiciária alerta que a investigação às agressões na academia do Sporting "contrariou" a Lei de Organização da Investigação Criminal.
Em causa está o facto de a investigação ter sido entregue à GNR quando a lei (artigo 7º) diz claramente que o crime de terrorismo, que está aliás expresso na acusação, é da competência reservada da PJ, tal como outra criminalidade grave e complexa.
O presidente da ASFIC sublinha que este não é um crime qualquer e que os instrumentos para o investigar, com investimentos avultados do Estado, só existem num sítio: na Unidade Nacional Contra Terrorismo da PJ, sendo, defende, "um crime de investigação exclusiva desta polícia".
Ricardo Valadas diz que a procuradora do Ministério Público com este processo vai ter de explicar muito bem a opção de ter dado à GNR esta investigação, podendo estar em causa a qualidade da investigação pois só aquela unidade da PJ tem experiência nesta área.
Ouça as declarações do representante dos investigadores ao jornalista Nuno Guedes
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Ricardo Valadas recorda que um inspetor da PJ tem uma formação inicial que passa pelo ensino superior, mais dois ou três anos de formação específica e quem vai para a área do terrorismo tem formação especializada com polícias outros países, "não se compreendende muito bem esta decisão" da magistrada.
Acusação fechada sem investigação concluída
Na acusação a que a TSF teve acesso, a procuradora Cândida Vilar queixa-se pelo menos uma vez da PJ. Nomeadamente, quando admite que a investigação ao que aconteceu em Alcochete, apesar da acusação já fechada, ainda "não está totalmente concluída, porquanto, apesar das insistências verbais e por escrito", nunca foi facultada qualquer informação sobre chamadas telefónicas de André Geraldes e que estão noutro inquérito "cuja investigação está a cargo da PJ do Porto e é dirigida por um magistrado do MP".
A acusação detalha que "a PJ não transmitiu qualquer informação sobre o conteúdo dos telefonemas e mensagens sendo certo que alguns deles poderão nem estar transcritos no processo de inquérito de que é titular o magistrado do MP".