- Comentar
Deve ter soado mais ou menos assim, a quem estava em casa, o terramoto de 28 de fevereiro de 1969.
Foi o último grande terramoto no país e há registo de um pequeno tsunami no mar. A imprensa da época refere 13 mortos, mas só duas pessoas foram vítimas diretas do sismo, os outros "sofreram problemas cardíacos".
Se fosse hoje, "acredito que as consequências seriam muito piores", afirma o presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica, "há mais pessoas, mais construção e continuamos a ter infraestruturas que são tão perigosas como em 1969 e outras novas com problemas".
João Azevedo garante que não é alarmista, mas não é a primeira nem será a última vez que alerta para o perigo, para este este perigo. As novas construções estão sujeitas a regras de construção antissísmica , mas não há fiscalização, "antigamente, eram as câmaras, mas isto há décadas, depois deixou de ser atribuída essa competência".
A vaga de reabilitação que tem varrido sobretudo as grandes cidades, segundo João Azevedo, também não está obrigada a melhorar a resistência dos edifícios, com o argumento político de que temos de facilitar a reabilitação e precisamos de casas para as pessoas. Assim, conclui, "a lei diz que basta não piorar a situação que existe, ou seja, se o prédio estiver a cair, desde que não fique pior, não é preciso fazer mais nada".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
O engenheiro insiste que "há de haver em Portugal outro terramoto como o de 1755, só não sabemos quando". E quando acontecer, segundo estudos e estimativas já feitos e refeitos, "há de provocar centenas de vezes mais vítimas que os incêndios de 2017 e causar perdas económicas equivalentes a 40% do Produto Interno Bruto".
LEIA MAIS:
- O último grande sismo em Portugal foi há 50 anos e até fez navios subir escadas
- "Uma noite terrível." Cinquenta anos depois, Algarve recorda sismo de 1969