Natalidade. Casais perceberam que não podiam adiar o inadiável

Depois dos mínimos históricos entre 2012 e 2014, o número de crianças nascidas em Portugal começou a aumentar. Mas aumento pode não ser um sinal tão positivo como se pensa.

Depois de cinco anos em queda, 2015 teve mais 3.133 nascimentos (+3,8%). E no primeiro trimestre de 2016 tudo indica que a tendência acelerou com mais cerca de 1.500 bebés.

Um sinal positivo, sem dúvida, mas há muitas dúvidas sobre o significado deste aumento que continua a ser uma "gota de água" e talvez apenas uma ligeira recuperação face aos valores mínimos dos anos da crise económica.

Se a tendência se mantiver, Portugal terminará 2016 com um número de nascimentos próximo de 2011, quando a natalidade já era das mais baixas do mundo e muito abaixo do limite de substituição das gerações.

A presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia explica que os números revelam que a tendência de queda inverteu-se, mas a subida nunca será grande e não chegará a um nível suficiente para substituir as gerações.

Maria Filomena Mendes acredita que a fecundidade portuguesa continuará entre as mais baixas da Europa e do Mundo e associa o aumento recente ao "efeito do adiamento". Ou seja, com a crise, os casais adiaram o momento de ter filhos, mas perceberam, agora, que já não podiam esperar mais.

A demógrafa explica que muitos dos nascimentos recentes acontecem em mães com 35 a 40 anos.

00:0000:00

Um estudo recente concluiu, aliás, que apenas 8% dos portugueses não querem ter filhos, pelo que o problema, sublinha Maria Filomena Mendes, não é a falta de vontade mas sim a falta de condições sociais e económicas para os terem.

Maria João Valente Rosa, também demógrafa, tem dificuldade em falar numa inversão na tendência de baixa natalidade.

A diretora da Pordata, base de dados do Portugal Contemporâneo, que este mês promove uma série de debates sobre o tema sublinha que a diminuição de nascimentos é antiga em Portugal e tudo indica que a principal razão deste crescimento recente está mesmo no facto de os casais terem percebido que não podiam adiar mais esse projeto.

Maria João Valente Rosa explica que para muitos casais era agora ou nunca. Há cada vez mais mães com 35 ou mais anos.

00:0000:00

A presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia, Maria Filomena Mendes, admite, contudo, que as expectativas de que já saímos da crise ajudam os casais a avançarem para terem pelo menos um filho.

Para a diretora da Pordata não podemos falar num eventual baby boom em Portugal.

Maria João Valente Rosa sublinha que o aumento atual de nascimentos ainda é pequeno.

00:0000:00

Veja também:
Falta de crianças transforma creche em lar em A-dos-Ferreiros
Em Alvite já nasceram quatro crianças este ano
Mais filhos. O que o CDS propõe

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de