O cão passa o testemunho ao porco. Vem aí o Novo Ano chinês

O porco encerra um ciclo de 12 anos, mas não altera a tradição chinesa. Ninguém quer perder a festa e por isso os chineses espalhados pelo mundo fazem das tripas coração para regressar a casa, naquele que é considerado o maior movimento migratório do planeta. O Ano Novo chinês começa a 5 de fevereiro.

O início do ano chinês é conhecido como o momento do maior fluxo de migração mundial.

Os chineses fazem os possíveis e os impossíveis para voltar a casa e assim participarem nos encontros, reuniões e jantares de família que acontecem por esta altura do ano. Em 2019, o dia 5 de fevereiro marca o arranque de novos começos.

Porquê só em fevereiro? Os chineses baseiam-se num calendário que combina os ciclos do sol com os ciclos da lua. O ponto de partida é o Solstício de Inverno - uma espécie de semente, que só desponta aquando da segunda lua nova após essa data.

Mas há uma outra forma de ver o início do ano, mais conhecida pelos estudiosos da metafísica chinesa, que se concentra só no ciclo solar e, nesse caso, o Ano Novo começa, todos os anos, a 4 de fevereiro.

Este ano as datas praticamente coincidem.

"É engraçado que, em 2019, há uma proximidade muito grande. Por um lado, o dia 4 de fevereiro e, por outro, o dia 5 de fevereiro. São dias muito intensos porque representam um novo início", explica à TSF Teresa Borges de Sousa, professora de Feng Shui no Instituto Macrobiótico de Portugal.

Ano do porco: calma, mas não tanto

2019 é o Ano do Porco, o que pode ter várias conotações. "Por um lado, um sentido de paz, de harmonia, pois o porco está associado a novembro, mês em que já passou o verão, as sementeiras de alimentos, de flores, já houve as colheitas e, por isso, é um mês de calma. Mas este ano tem uma particularidade. É um ano do porco de terra, o que significa que pode vir a ser um ano de tensões, de algum conflito, de confronto", explica, acrescentando: "Não se espera que seja um ano totalmente pacífico, totalmente calmo. É um ano que, a nível global, pode trazer tensões."

De resto, as tensões já se fazem notar em vários países. A explicação, à luz do ano chinês, é simples: é que o ano começou a desenhar-se aquando do Solstício de Inverno, e o mês de janeiro funciona como transição. Neste caso, o cão passa o testemunho ao porco, ou seja, dá-se o fim de um ciclo e o início de outro. Por isso, a partir de 5 de fevereiro "tudo fica mais claro, mas a tensão (que paira no ar) pode intensificar-se", enfatiza.

Seja como for, não é caso para dramatizar até porque cada pessoa vive o ano à sua maneira. "O que é importante é que se faça as coisas de forma consciente. Aquilo que o ano vai ser também depende do que nos dispusermos a fazer, da atuação que nós quisermos ter no mundo", recorda.

Uma em cada seis pessoas no mundo festeja o novo ano chinês

Tensões à parte, este é tempo de alegria para os cerca de 35 mil chineses que vivem em Portugal, e não só. Uma em cada seis pessoas em todo o mundo festeja a data. Nova Iorque, Londres, Sidney, Vancouver são apenas algumas das cidades que fazem do ano chinês um dos maiores festivais a nível mundial.

Apesar de estarmos no inverno, o ano chinês é conhecido como o festival da primavera, uma vez que este dia marca também o fim da altura mais fria do ano, motivo mais do que suficiente para celebrações.

12 meses, 12 animais

Segundo Teresa Borges de Sousa, "os animais foram um simbolismo que os antigos encontraram para explicar as coisas. Começaram por associar os animais aos meses do ano. Cada mês tem um animal fixo. É sempre assim todos os anos. "A escolha dos animais, para cada um dos meses, tem a ver com aquilo que observavam na natureza e está sempre relacionada com a agricultura, com o estado do tempo, com as sementeiras e portanto, associaram características de animais àquilo que eles viam na natureza. Só mais tarde, houve uma associação aos dias, às horas e aos anos."

A tradição ainda é o que era

A véspera do Ano Novo na China é equiparada ao dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. Os chineses reúnem-se num grande jantar de família. O prato principal é peixe e não é escolhido ao acaso: Significa prosperidade e colheita para o ano que vai entrar.

Antes do novo ciclo, os chineses aproveitam para comprar roupas novas. Por outro lado, a limpeza e a organização são prioritárias. O pó é normalmente associado ao velho e, por isso, é a altura em que os chineses se veem livres de tudo o que o simboliza. Mas assim que chegam os primeiros dias do novo ano, é proibido limpar, não vá o ano velho levar embora a boa sorte.

O ano do porco termina a 24 de janeiro de 2020. O último signo do zodíaco chinês encerra um ciclo de 12 anos.

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