António Vilarigues é filho de dois históricos comunistas: Sérgio Vilarigues e Maria Alda Nogueira. Tem memórias curtas, de apenas quatro anos e meio de vida em família.
A jornalista Sofia Morais à conversa com António Vilarigues, filho de dois históricos comunistas que passaram muitos anos presos e na clandestinidade
Lembra-se que morava na Parede com os pais e que foi uma birra que ditou a separação: queria brincar com um amigo com uma edição clandestina do jornal "O Avante". Por segurança, conta, os pais não tiveram outra opção a não ser entregá-lo à avó materna.
António já vivia por isso em Alcântara quando a mãe e o pai foram presos. Sérgio passou por três prisões: Peniche, Angra do Heroísmo e Tarrafal, depois esteve 32 anos na clandestinidade. Maria Alda Nogueira esteve presa nove anos e dois meses.
António Vilarigues recorda as visitas à mãe e descreve a relação entre os dois como o convívio de Caxias. Só três vezes por ano podia abraçar a mãe, as outras visitas tinham um corredor ou um vidro a separar as manifestações de afeto. António lembra que numa dessas visitas saltou com tal entusiasmo para o colo da mãe que lhe partiu o nariz. A visita acabou aí.
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Com o pai, o contacto foi ainda mais efémero. Chegaram a viver na mesma rua em Alcântara mas António não sabia. Ao longo de 32 anos conta que esteve poucas horas com o pai, o recorde foram dois dias em Paris. Só mais tarde soube que Sérgio Vilarigues tinha vários pseudónimos, Amílcar é talvez o mais conhecido.
Amílcar é o meu pai? Este é o retrato de memórias de um filho, que não sabia o que era a PIDE e que foi criado para não ser nem igual ao pai nem igual à mãe.