"Passou meio ano desde o tempo em que se exigiam compromissos, agora, é tempo já não é de compromisso, é de concretização e de garantir prazos necessariamente curtos para recuperar o tempo de serviço, para a aposentação daqueles que já trabalham há décadas", disse, logo no início do protesto, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof - uma das dez estruturas sindicais que convocaram a manifestação nacional de professores.
Num protesto que, segundo a Fenprof, reuniu perto de 50 mil professores, os docentes reivindicaram, sobretudo, a contagem integral do tempo de serviço para efeitos de carreira - "desde logo, os nove anos, quatro meses e dois dias de congelamento" -, um horário semanal de 35 horas efetivas e a aprovação de um regime específico de aposentação dos professores que comece a ser aplicado em 2019, aprovando uma resolução que vai seguir para o Governo, e na qual avisam que "manifestam a disponibilidade para continuar a luta, se necessário, ainda no presente ano escolar".
No palco montado junto à rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, Mário Nogueira deixou ainda uma mensagem ao Governo e ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, a propósito da próxima reunião entre os sindicatos e o Executivo, agendada para o dia 4 de junho.
"Estaremos na reunião com o ministro. Não será para uma conversa redonda e inconsequente, que seria perda de tempo, exigimos garantias e prazos curtos pata o cumprimento [dos compromissos]", disse o dirigente sindical.
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Pela Federação Nacional da Educação (FNE), outra das estruturas a convocar o protesto, João Dias da Silva exigiu "respeito" pelos professores: "O que é de direito e de justiça respeita-se, e é isso que vimos aqui exigir", afirmou ainda o dirigente da FNE.
BE, PCP e PSD estiveram com os professores e pediram ao Governo que cumpra os compromissos
Durante a manifestação - que começou junto à rotunda do Marquês de Pombal e terminou no Rossio, em Lisboa -, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, defendeu que os professores "têm razão" quando reivindicam a contagem integral do tempo de serviço, afirmando que os professores "não estão a inventar nada ou a exigir um direito novo", apelando a que "se faça justiça e cumpra a palavra dada".
"A responsabilidade é coletiva, é um Governo que tem primeiro-ministro e que tem ministros que coletivamente devem assumir aquilo com que se comprometeram", disse o líder comunista.
Antes, Catarina Martins, coordenadora do BE, já tinha considerado que "está na altura" de o Governo resolver os "muitos problemas da escola pública", defendendo que é preciso "respeito pelas carreiras", "concursos corretos e justos, que não deixem ninguém para trás" e resolver aquilo que os bloquistas entendem ser o problema do número de alunos a mais por turma".
Pelo PSD, a deputada Ana Sofia Bettencourt lembrou que os social-democratas entendem que o tempo de serviço que foi congelado "devia ser contado na totalidade", sublinhando que o PSD que a reivindicação dos professores é justa. "O Governo assina papéis e tem de cumprir, não basta iludir", acrescentou a deputada.