Pedrógão: EDP na origem das chamas e um segundo fogo fora dos registos oficiais

São as conclusões de relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna à Universidade de Coimbra sobre o incêndio de Pedrógão Grande.

Uma linha de média tensão da EDP esteve na origem do grande incêndio de Pedrógão Grande e um dos dois fogos que esteve na origem dessas chamas nem sequer aparece nos registos oficiais. A conclusão é do relatório encomendado pelo Ministério da Administração Interna à Universidade de Coimbra.

O documento com quase 250 páginas é muito crítico quanto ao combate a este fogo que matou 65 pessoas e feriu mais de 200.

A equipa da Universidade de Coimbra garante que o incêndio mais grave daquele dia, 17 de junho, nasceu de duas ignições que terão sido causadas por contactos entre a vegetação e uma linha elétrica de média tensão. E logo aí começa o tom altamente crítico do relatório ao sublinhar que essa origem das chamas revela, desde logo, "uma deficiente gestão de combustíveis na faixa de proteção da linha, por parte da entidade gestora", a EDP.

Os especialistas são claros a dizer que as faixas de proteção da rede elétrica de média tensão da EDP não estão "devidamente cuidadas" pelo que a empresa deve aumentar a fiscalização.

Os técnicos da Universidade de Coimbra contactaram a empresa durante a realização do relatório e concluíram, afastando as causas naturais (raios) ou humanas, que "de acordo com os dados de que dispomos temos a convicção fundamentada de que os dois focos de incêndio terão sido causados, a horas diferentes, por contactos entre a vegetação e a linha elétrica de média tensão".

Perante estas conclusões, o documento vai mais longe e admite que mais incêndios, pelo país, podem ter a mesma origem: "A falta de manutenção destas faixas faz com que existam ao longo dos muitos quilómetros de linhas que percorrem todo o território e o abastecem de energia elétrica, pontos ou zonas em que a distância entre os cabos e a vegetação é inferior à requerida para que em dias de vento o movimento dos cabos e da vegetação não dê origem a toques entre ambos, que podem originar descargas elétricas e causar incêndios".

O mistério do fogo de Regadas

Outro problema grave foi o combate inicial ao fogo que, afinal, diz o relatório, nasceu de duas ignições: uma, já se sabia, em Escalos Fundeiros e outra em Regadas, sendo em Regadas que está um dos maiores mistérios deste caso.

O combate às chamas com origem em Escalos Fundeiros teve muitos problemas e falta de meios, mas sobre Regadas o relatório tem o seguinte parágrafo:

"O incêndio de Regadas foi menosprezado, tendo até à junção com o incêndio de Escalos Fundeiros, apenas um meio pesado de combate terrestre dedicado. Não há registo oficial deste incêndio, que foi de grande relevância e várias entidades desconheciam até a sua existência."

Ou seja, este fogo de Regadas teve apenas um veículo de bombeiros a combatê-lo de início e era, até agora, desconhecido.

Mais à frente o relatório acrescenta que "não se compreende porque não foi considerada uma nova ocorrência com gestão independente da ocorrência de escalos Fundeiros, o que lhe daria outra relevância e lhe proporcionaria mais meios".

Os especialistas vão mais longe e dão o exemplo de outro incêndio, menos grave, no mesmo dia, em Pinheiro do Bordalo, "que teve ficha de ocorrência própria e 4 viaturas, fazendo com que a área ardida fosse de 10 metros quadrados".

Sobre Regadas, o documento sublinha: "Tal como o incêndio de Escalos Fundeiros, ou o fogo era dominado antes do episódio de vento das 18h05, ou o controlo da situação era irremediavelmente perdido".

Carregue neste link se quiser conhecer outras causas apontadas neste novo relatório sobre o que aconteceu na tragédia de Pedrógão Grande.

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