O jornalista João Alexandre acompanhou Marcelo rebelo de Sousa nesta visita.
"É muito difícil pegar em toda esta gente e deslocalizar esta realidade para a área de Lisboa, sabe-se lá onde, ou na Amadora", disse o presidente da República, esta segunda-feira, de visita ao bairro da Cova da Moura, no concelho da Amadora.
Num momento em que o conflito entre os proprietários do terreno e os moradores do bairro - que começou a ser construído de forma ilegal há mais de 40 anos - volta à agenda mediática, Marcelo Rebelo de Sousa pede "bom senso" na resolução do problema e apela ao diálogo.
"Passa muito por um diálogo entre, de um lado o Governo e de outro a Câmara [Municipal da Amadora], que é um diálogo prévio aos processos pendentes com os proprietários, que já são muito antigos, têm décadas", afirmou durante a visita.
As habitações foram construídas em terrenos que pertencem à família Canas, que há vários anos reclama os direitos sobre a propriedade - e que até já enviou uma carta ao presidente da República, a pedir para que faça cumprir a Constituição.
Sem uma posição clara sobre o tema, Marcelo Rebelo de Sousa defende que o Governo e a autarquia devem chegar a uma solução que agrade a ambas as partes, mas vinca: "Não é possível pegar nestas vidas e deslocalizá-las".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Visita de cumprimentos, abraços e muita música
Com tempo e disponibilidade para ouvir os moradores - garantiu o chefe de Estado -, assim que chegou à Cova da Moura, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido por Ilídio Carmo, um dos primeiros a chegar ao bairro, há mais de 40 anos.
"Foi uma luta muito grande. Foi um grupo que veio de Angola, essencialmente. Juntámo-nos, viemos cerca de meia dúzia num táxi, cada um escolheu um espaço e aí começou o bairro", conta o morador.
Hoje, são mais de 5 mil os habitantes do bairro que, por estes dias, se vê envolvido no conflito entre a autarquia e o executivo de António Costa
Ali ao lado, Maria Rosa e Jóia - que vieram da Ilha de Santiago, em Cabo Verde, há 23 anos -, pouco têm a dizer sobre o assunto. E, se Jóia é mais reservada e prefere não entrar em grandes comentários sobre a visita ou a propriedade dos terrenos, Maria Rosa, depois de cumprimentar o chefe de Estado, vai direta ao assunto: "É o melhor presidente do mundo", afirma.
Durante a visita, em que, como é habitual, distribuiu muitos cumprimentos pelos moradores, Marcelo Rebelo de Sousa passou por espaços como a creche São Gerardo, onde ouviu o "Hino da Escola" cantado por dezenas de crianças; pela Associação de Moradores; por uma Instituição Particular de Solidariedade Social, onde ouviu Cante Alentejano; ou pela associação juvenil Moinho da Juventude.