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Reportagem de Miguel Videira, com sonorização de Paulo Jorge Guerreiro
É alto, de olhos azuis e estrutura forte. Chegou a Portugal há 18 anos, sem conhecer o país nem a língua. Hoje, com 43 anos, há até algumas palavras em búlgaro que já não habitam na ponta da sua língua.
Apesar de tudo, Svetlomir Venev conta que a adaptação ao novo país, quando decidiu deixar a Bulgária, não foi fácil.
"Foi um bocadinho difícil. Eu conseguia perceber o que os meus colegas estavam a dizer, mas não conseguia responder", recorda.
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Já para o filho Slavi, que tinha 5 anos quando a família Venev se mudou, a "aprendizagem foi mais rápida". Entrou para a escola já em Portugal, onde encontrou pessoas "predispostas a ensinar o português".
Agora, diz que fala "melhor português do que búlgaro". Pensa em português e considera que esta é, na prática, a sua língua materna, apesar de ter tido primeiro contacto com o búlgaro.
A família fala maioritariamente em português, mas, entre quatro paredes, as duas línguas e as duas culturas convivem todos os dias
"Temos um canal búlgaro no pacote de televisão", conta Svetlomir. "Eu gosto de ver as notícias, saber o que se passa no nosso país."
Para o pai, é importante que Slavi e a irmã mantenham a ligação com a língua búlgara. "Gostava que eles soubessem bem a nossa língua e soubessem escrevê-la, porque um dia podem precisar de ir para lá - e assinar algum papel ou contrato - e têm de saber o que estão a fazer", diz.
Mas se Slavi concorda que saber melhor a língua é uma vantagem, que até o torna "mais recetivo a diferenças culturais", quanto à ideia de mudar-se para a Bulgária, a conversa já é outra. "Em Portugal, tenho a praia a dois minutos. Na Bulgária, tenho a praia a 600 quilómetros...", sorri.