Em Portugal, foram feitos diversos abaixo-assinados contra a vinda de refugiados para o país. Há quem tenha medo que no meio dos refugiados venham terroristas, que queiram impor o Islão aos portugueses, que venham tirar trabalho quando há tanto desemprego. Mas entre os refugiados há quem tenha conseguido grandes carreiras e ajudado a melhorar o mundo.
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Freddie Mercury, por exemplo, foi um refugiado. O vocalista dos Queen nasceu em Zamzibar e era parsi, uma etnia indiana. Com a independência do país, os indianos foram alvo de massacres e em 1964 a família do cantor fugiu para Inglaterra.
Em Portugal, também há casos de refugiados famosos. Calouste Gulbenkian nasceu em Üsküdar, tradicionalmente vista como o berço da civilização Arménia. Em 1896, nem as boas relações com a corte otomana foram suficientes para proteger a família dos ataques anti-arménios e foram obrigados a fugir para o Egipto e depois Inglaterra. Em 1942, o coleccionador, filantropo e diplomata chegaria a Lisboa por causa da Segunda Guerra e foi aqui que instalou a colecção completa de obras de arte.
Outro refugiado que ficou por Portugal foi Gustav Zenkl. Aos quatro anos, o futuro cavaleiro tauromático veio com outras crianças deixando para trás uma Áustria totalmente destruída pela Segunda Guerra Mundial. Quando muitas regressaram, Gustav e a irmã optaram por ficar cá.
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Portugal teve também os seus exilados politicos nas décadas de 60 e 70. Mário Soares esteve em Paris, Alvaro Cunhal em Moscovo e só regressaram depois do 25 de Abril.
Por todo o mundo, há casos de refugiados que mudaram a civilização. Por exemplo, Albert Einstein. O alemão galardoado com o Nobel da Física em 1921, desenvolveu a Teoria da Relatividade, um dos dois pilares da Física moderna. Foi para os Estados Unidos, onde acabou por ficar refugiado quando Hitler subiu ao poder.
Também Sigmung Freud, o pai da Psicanálise, nasceu na Áustria numa familia judia e acabou por ter de fugir para Londres em 1938.
Madeleine Albright é outra refugiada famosa. Nasceu em Praga em 1937 e fugiu do país por causa da Segunda Guerra Mundial. Antiga secretária de estado norte-americana, a primeira mulher a conseguir o cargo, diz agora que o mundo está a fazer pouco pelos atuais refugiados. Ainda criança Albright fugiu para Inglaterra e só mais tarde se instalaria nos Estados Unidos.
Tenzin Gyatso é mais conhecido para o mundo como o 14.º Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano. Em 1959, foi obrigado a abandonar o Tibete por causa da invasão chinesa e fugiu para a Índia, onde ainda hoje lidera o governo tibetano no exílio.
Marlene Dietrich, a atriz e cantora nascida na Alemanha, fugiu para os Estados Unidos onde se manifestava publicamente contra Hitler e cantava para os soldados americanos. A irmã foi enviada para um campo de concentração numa tentativa de fazer calar Marlene, mas os nazis não foram bem sucedidos e a carreira da já norte-americana transformou-a numa lenda.
E ainda no mundo na música, Gilberto Gil e Caetano Veloso foram obrigados a fugir do Brasil por causa da ditadura militar. Os dois músicos foram presos e acabaram por procurar refúgio em Londres.
Milan Kundera, Miriam Makeba, Frederic Chopin, Isabel Allende, Bela Bartok... são apenas mais alguns exemplos de refugiados.