Foi com surpresa e indignação que os enfermeiros receberam as cartas a exigir o pagamento de danos em viaturas de serviço. As cartas foram enviadas pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve a duas enfermeiras das Unidades de Cuidados na Comunidade de Faro e Portimão e ameaçavam com processos disciplinares caso o pagamentop não seja feito. Os profissionais de saúde argumentam que não têm que conduzir viaturas e muito menos pagar quando algo corre mal em serviço.
Nos dois casos são arranjos simples, uma jante riscada e um espelho partido, mas os enfermeiros consideram que não está em causa o montante mas sim a atitude da Administração Regional de Saúde do Algarve.
"Dão 10 dias úteis para pagar, se não pagarem avançam para processo disciplinar e reservam-se o direito de descontarem diretamente do seu vencimento mensal", diz Nuno Manjua, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses." A partir de agora, acabou", garante.
E o "acabou" é não conduzirem mais.
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Reportagem de Maria Augusta Casaca com os enfermeiros em protesto
Nuno Manjua salienta que os cuidados domiciliários aos doentes estão em risco. "Além dos enfermeiros que recusaram conduzir em Faro, Portimão, Silves e Lagoa outras Unidades de Cuidados na Comunidade vão seguir o exemplo. As pessoas estão indignadas".
Também os auxiliares de ação médica que acompanham os enfermeiros nos serviços dizem estar solidários com os colegas.
Rosa Franco, do Sindicato da Função Pública, mostra-se preocupada com a eventualidade de o que está a acontecer aos enfermeiros possa também suceder a estes profissionais "que ganham o salário mínimo nacional".
A recusa de conduzir viaturas levou a que esta quinta-feira alguns enfermeiros tenham ido fazer certos serviços a pé, com mochilas às costas.