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Os resultados de um estudo da University College London, publicados esta sexta-feira pela revista britânica "The Lancet", confirmam e reforçam as conclusões a que chegaram os investigadores na primeira fase da pesquisa, divulgada em 2016: é possível impedir a transmissão do vírus da Sida em relações sexuais desprotegidas.
Para a professora Alison Rodger, que liderou o estudo, o resultado "é brilhante - fantástico, basicamente arruma a questão" da transmissão do vírus do VIH. O diretor médico da Terrence Higgins Trust, uma instituição britânica de apoio aos seropositivos, Michael Brady, afirma que "o estudo permite-nos dizer, sem sombra de dúvida, que seropositivos que recebem tratamento efetivo não podem transmitir o vírus aos seus parceiros sexuais". Acrescentou que a descoberta "tem um impacto incrível na vida das pessoas que vivem com o VIH e é uma forte mensagem contra o estigma do VIH".
O estudo analisou cerca de 1.000 casais homossexuais , com relações desprotegidas, em que um dos parceiros é seropositivo, mas cuja carga viral é indetetável, graças aos medicamentos antirretrovirais. Nos oito anos em que o estudo foi desenvolvido, não houve nenhum caso de transmissão de VIH entre os casais, garantem os autores do estudo.
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Apesar de quinze participantes terem contraído o vírus durante este período, a análise genética revelou que ele não era do mesmo tipo que o do parceiro e, portanto, a transmissão ocorreu quando estes homens tiveram relações com outros homens que não estavam a ser sujeitos ao tratamento antirretroviral. "As nossas descobertas fornecem evidências conclusivas para os homossexuais, de que o risco de transmissão do VIH com terapia antirretroviral que suprime a carga viral, é zero", afirma a professora Alison Rodger.
Os autores ressalvam, no entanto, que a maioria dos participantes seropositivos tomava medicação antirretroviral há vários anos e, portanto, tinha "dados limitados sobre o risco de transmissão durante os primeiros meses da terapia antirretroviral".
Um outro estudo, com uma amostra de indivíduos mais pequena e publicado em 2018 no Lancet VIH, também revelou zero casos de transmissão.
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