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"O Governo galego pretende abrir portas a profissionais de saúde de outras comunidades autónomas de Espanha e de Portugal. E começou por Portugal por razões de proximidade", informou o Serviço Galego de Saúde.
O salário oferecido aos médicos de família e pediatras portugueses corresponde a mais do dobro daquele que um clínico em início de carreira receberia em Portugal. Se por cá um médico recebe cerca de 2 mil euros brutos mensais, a Galiza está a oferecer quase 4.390 euros.
O Jornal de Notícias avança que os contratos podem ir de um a três anos, com as mesmas condições oferecidas aos médicos espanhóis: salários iguais, as mesmas licenças, folgas, jornada laboral e um mês de férias.
A jornalista Sara de Melo Rocha explica aquilo que a Galiza está a oferecer aos médicos portugueses
O bastonário da Ordem dos Médicos admite, em declarações ao Jornal de Notícias, que o anúncio é bastante atrativo, mas teme que a oferta possa vir a constituir uma "ameaça para o Serviço Nacional de Saúde" (SNS) português.
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Miguel Guimarães admite que o SNS "já não tem capacidade para responder a todos os portugueses", sobretudo nas especialidades de medicina familiar e pediatria, e considera que a saída de clínicos para a Galiza irá agudizar o problema.
Também o presidente do Colégio da Especialidade de Pediatria, Jorge Amil Dias, encara com preocupação a contratação de portugueses para o serviço galego de saúde, reconhecendo que a oferta de vencimento na Galiza é muito superior à de Portugal.
Uma opinião partilhada pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, cujo presidente, Rui Nogueira, afirma que, perante este cenário, "fica difícil cativar os colegas para ingressarem na carreira médica sem outros motivos de atração".
Rui Nogueira admite que vê esta notícia com apreensão.
Em declarações à TSF, Rui Nogueira acusa ainda o Ministério da Saúde de estar adormecido, instando o Governo a "criar novas unidades de saúde."
Para Rui Nogueira, o Ministério da Saúde está "adormecido."
Em resposta à TSF, o Ministério da Saúde sublinha que tem vindo a desenvolver esforços no sentido de garantir a retenção dos profissionais de saúde no SNS. Para esta quinta-feira, estão agendadas reuniões com os sindicatos dos médicos, que são mais um sinal de que o ministério liderado por Marta Temido está empenhado em melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde.
A existência de anúncios como este revela que existe uma carência de profissionais destas áreas não apenas em Portugal mas também noutros países, entre eles Espanha.