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Há doentes internados e desnutridos. O alerta é de uma associação preocupada com os muitos doentes, grande parte idosos, que chegam ou saem dos hospitais mal alimentados.
Um estudo recente concluiu que mais de metade dos internados com doenças crónicas em Portugal está em risco de desnutrição, algo que preocupa Aníbal Marinho, médico da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Santo António, no Porto, e presidente da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP) - que, esta segunda e terça-feira, realiza uma conferência, em Sintra, para alertar para o problema.
O Governo criou regras recentes que obrigam os hospitais a avaliar a nutrição dos doentes, mas o médico sublinha que as mesmas ainda estão em implementação, tendo já chegado a Portugal com décadas de atraso.
O jornalista Nuno Guedes ouviu Aníbal Marinho, presidente da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica
"Cada vez mais notamos que os doentes internados estão mais mal nutridos e ninguém se importa com isso", defende Aníbal Marinho, que sublinha que a situação tem, naturalmente, efeitos na capacidade de recuperação das pessoas.
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O médico defende que não há uma atitude preventiva da desnutrição: "Os doentes andam de consulta em consulta à espera de um diagnóstico e entram num ciclo vicioso, chegando à fase de tratamento já desnutridos".
Aníbal Marinho conta que a maioria destes doentes "já tem mais de 60 ou 70 anos de idade e, perdendo massa muscular, não a recuperam, acabando por colocar em causa todo o investimento até em terapêuticas inovadores caríssimas que falham por desnutrição do doente".
O presidente da associação de nutrição, que se foca nos suplementos clínicos que ajudam a garantir que a pessoa não fica desnutrida quando tem problemas de alimentação, dá o exemplo de um idoso com 80 anos com diabetes e hipertensão: "Imagine o que é um idoso internado num ambiente hostil, onde come uma dieta sem sal, sem açúcar, passada e fria... É óbvio que não se vai alimentar adequadamente", conclui.
A Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica estima que o combate à malnutrição dos doentes e idosos resultaria numa redução de 166 milhões de euros nas despesas do Serviço Nacional de Saúde.