Os ponteiros dos relógios andaram uma hora para trás na última madrugada e isso obriga a um acerto do nosso relógio biológico que vai demorar pelo menos dois dias, ou seja, até terça-feira o nosso organismo vai andar numa espécie de jet lag.
Em entrevista à TSF, Ângela Relógio, investigadora na Charité- Universidade de Medicina de Berlim, explica que com a menor intensidade da luz no inverno, o relógio central no cérebro, que até se adapta rapidamente, precisa de tempo para enviar sinais e acertar a hora nos "relógios" que existem em todas as nossas células.
Ouça as explicações da investigadora Ângela Relógio sobre a mudança da hora e o impacto no ser humano
A equipa desta investigadora portuguesa tem estudado a maneira como o relógio interno controla os mecanismos tumorais e como a alteração dos ciclos circadianos (os ciclos diários que controlam as funções biológicas) pode ser nefasta para a saúde.
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Ângela Relógio, lamenta que não se "ouça" com toda a atenção este nosso relógio, até porque é algo que todos sentimos mas não damos a devida importância.
Por exemplo, se um adolescente teima em não se levantar cedo à semana para ir para a escola, a investigadora esclarece que não estamos perante um caso clássico de preguiça. Estamos sim, adianta, perante um relógio biológico programado para, nestas idades, despertar mais tarde e a Escola devia dar uma ajuda: ou devia começar as aulas mais tarde ou devia usar luzes mais fortes para estimular o acerto do relógio interno dos adolescentes.
A diferença horária entre a hora a que acordam à semana e ao fim de semana coloca os adolescentes numa espécie de viagem por vários fusos horários, sempre em jet lag.
Nesta entrevista à TSF, a partir de Berlim, Ângela Relógio admite que é apenas uma coincidência, divertida, o facto da investigadora com o nome Relógio ter como tema de estudo o relógio biológico.