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A Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) afirma que não há nenhuma greve possível que não prejudique os doentes, e que a paralisação realizada pelos enfermeiros até é um mal menor.
Em declarações à TSF, Lúcia Leite, presidente da ASPE, defendeu que "todas as greves prejudicam os doentes", mas que, neste caso, os doentes nem saem assim tão lesados.
"Os doentes que veem as suas cirurgias adiadas são aqueles que costumam esperar mais de um ano ou dois anos. Um mês de diferença no prazo de espera não é assim tanto tempo", disse Lúcia Leite. "Todos os doentes urgentes sempre foram operados. Nunca foi por falta de enfermeiros que essas situações não foram resolvidas", acrescentou.
Lúcia Leite, da ASPE, defende que a greve não deixa os doentes urgentes prejudicados
Os enfermeiros retomam, esta quinta-feira, uma greve que se vai prolongar até 28 de fevereiro, após as negociações com as estruturas sindicais terem terminado de forma inconclusiva. A paralisação foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor).
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A ministra da Saúde, Marta Temido, revelou esta quarta-feira que equaciona usar meios jurídicos face à nova greve dos enfermeiros nos blocos cirúrgicos de hospitais públicos, referindo que esta paralisação levanta "um aspeto muito sério sobre questões éticas e deontológicas".
"O que está em causa é o que este exercício poderá afetar", defendeu a ministra, em entrevista à RTP, referindo que a última "greve cirúrgica" levou ao adiamento de 7.500 operações.
"Em última instância, esta greve, que já enfrentámos antes e que nos preparamos para enfrentar outra vez, convoca para uma reflexão sobre questões éticas, deontológicas e sobre o exercício do direito à greve", declarou Marta Temido
A ministra afirmou que as exigências dos enfermeiros, que pretendem "um aumento salarial de 400 euros para 42 mil pessoas", implicariam um custo de 216 milhões de euros. Marta Temido alertou para a duração da greve, um "aspeto absolutamente incomum", e para os serviços em causa, que merecem "serviços máximos".
Já a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros afirma que a proposta apresentada pelo Governo aos enfermeiros é insuficiente e que o Ministério da Saúde não pode manter-se numa "posição irredutível".
Os enfermeiros exigem que o Governo ceda a um maior aumento salarial
"Neste momento, aquilo que o Governo nos oferece é inaceitável do ponto de vista remuneratório", defende a sindicalista, apontando que o Executivo pretende manter os salários dos enfermeiros de cuidados gerais "exatamente na mesma" e que os enfermeiros especialistas ganhem apenas mais 150 euros do que os anteriores.
Os enfermeiros sublinham que continuam "disponíveis para negociar com o Governo e chegar a um entendimento".
Notícia atualizada às 8h30