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O Centro Hospitalar do Oeste não conseguiu responsabilizar uma empresa de telemedicina no caso da morte de uma mulher na sequência de um diagnóstico com fortes suspeitas de estar errado.
O caso foi investigado pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) que fez uma série de recomendações ao Centro Hospitalar depois de ter percebido que o contrato público com a empresa de telemedicina para radiologia à distância não previa qualquer norma de garantia ou controlo de qualidade, numa altura em que se multiplicam as críticas dos médicos à expansão dos exames e diagnósticos à distância em hospitais como o São José em Lisboa.
Nas respostas que deu à ERS, lidas pela TSF, o Centro Hospitalar confirma que não conseguiu obter esclarecimentos do médico responsável pelo relatório do exame pois o mesmo era um prestador de serviços da empresa de telemedicina.
O caso aconteceu em novembro de 2016 e envolveu uma mulher que foi ao Hospital de Torres Vedras depois de uma queda. Foram feitos exames, mas teve alta e ordens de repouso.
Causa de morte não foi diagnosticada
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A situação de saúde complicou-se e a mulher acabou por morrer, tendo o caso dado origem a uma queixa apresentada pelo filho por suspeita de exames trocados. A autópsia revelou uma causa de morte que não estava na TAC feita inicialmente no hospital, nomeadamente uma hérnia diafragmática e uma isquemia intestinal.
O diretor da urgência tentou ouvir o médico que à distância, pela telemedicina de uma empresa, tinha feito o diagnóstico, mas sem sucesso até porque o hospital diz que "não tem autoridade disciplinar sobre o clínico". A solução foi suspender o contrato.
O hospital afirma ainda que detetou "algumas, poucas, situações de aparentemente objetiva falta de qualidade de relatórios nas áreas de Radiologia e Anatomia Patológica.
O perito ouvido pela ERS conclui que fica a dúvida "se a avaliação do doente após o trauma foi adequada e se a TAC realizada poderia ter sido mais especifica, atendendo ao diagnóstico da autópsia".
Confrontado com esta deliberação lida pela TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos diz que este caso é grave, inaceitável e teme que a falta de controlo da qualidade nos contratos públicos de telemedicina e telerradiologia seja comum noutros hospitais.
Miguel Guimarães sublinha que se as empresas não se responsabilizam pela qualidade dos exames e dos diagnósticos estamos perante uma situação altamente complexa, anunciando por isso que quer conhecer todos os contratos nesta área e irá contactar todos os diretores clínicos dos hospitais alertando-os para este problema.