UGT acusa António Costa de mudar de discurso e de "ameaçar" enfermeiros

A propósito da greve dos enfermeiros, Sérgio Monte da UGT disse que no discurso do primeiro-ministro onde antes havia otimismo e disponibilidade para o diálogo há agora ameaças.

O secretário-geral geral adjunto da União Geral de Trabalhadores (UGT) acusa o primeiro-ministro de ter mudado de atitude quanto aos trabalhadores. Entrevistado pelo jornalista Manuel Acácio no Fórum TSF, a propósito da greve dos enfermeiros, Sérgio Monte disse que no discurso de António Costa onde antes havia otimismo e disponibilidade para o diálogo há agora ameaças.

"Há nitidamente no seu discurso uma alteração do registo. Nós estávamos habituados a ouvir um primeiro-ministro otimista, ponderado, com bom senso, a tentar sempre o diálogo e o consenso. Agora, aparece-nos o primeiro-ministro implicitamente ameaçando, implicitamente dizendo que a greve é ilegal. Isso preocupa-nos, porque já andamos cá há uns anos e os vários governos - sejam de centro, de esquerda ou de direita - já nos habituaram a quando são confrontados com a sua incapacidade negocial, com a sua incompetência para resolver diferendos, tentam atacar até alterando a lei da greve ou socorrendo-se da requisição civil."

No Fórum TSF, o antigo ministro e secretário de estado da Saúde do PSD, Fernando Leal da Costa, juntou-se à longa lista de personalidades que pede aproximação entre as partes, mas sublinhou que a conflitualidade pode ainda aumentar.

"Eu acho que é possível haver uma diminuição desta conflitualidade que, aliás, vejo com grande receio que possa vir a aumentar. Agora são os técnicos de diagnóstico, amanhã serão outros técnicos superiores, depois, a seguir, vamos ter, se calhar, problemas com médicos, etc. Tudo isto se resolverá com bom senso e, acima de tudo, se o Governo assumir que a Saúde deve ser uma prioridade da governação e não fazerem o que têm feito que é deixar a saúde para quase último lugar daquilo que são as preocupações governativas atuais e passadas nos últimos três anos."

No mesmo plano, Francisco George, antigo diretor-geral de Saúde, insistiu que o valor da vida deve sobrepor-se a todo e qualquer conflito.

"Por um lado, o direito à greve, que é inquestionável, mas, por outro, o direito à Saúde e o direito à vida que têm que ser sempre defendidos. Há aqui um choque de direitos. Esta situação tem que ser resolvida e muito rapidamente, porque também há que ter em conta que na escala de importâncias relativas neste conflito de direitos nós temos que dar sobretudo mais importância à defesa da vida. O direito à saúde sobrepõe-se sempre. Não há absolutamente direito nenhum superior ao direito à vida."

*Com Manuel Acácio

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