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A ordem de despejo chegou. A partir desta quarta-feira, Rita Vieira e as duas filhas, de 3 e 9 anos, têm de deixar a casa onde vivem; uma casa ocupada.
A habitação em Telheiras pertence à Câmara Municipal de Lisboa, mas estava fechada há vários anos. Rita soube por uma vizinha que a casa estava vazia e mudou-se para lá. Com o salário mínimo nacional e duas filhas menores, não conseguia pagar a renda onde vivia, na Serra da Luz, na Pontinha.
Rita candidatou-se por várias vezes a uma casa camarária, mas os 580 euros mensais não lhe garantem a pontuação necessária - é rendimento a mais para ter direito a habitação social.
A alternativa foi ocupar uma casa. Quando chegou, a habitação não tinha as condições mínimas. Faltavam torneiras, lava-loiças, o chão estava partido, as paredes sujas. Arranjou tudo e mudou-se há três meses. Mas agora vai ter de sair.
A TSF esteve em direto da casa de Rita Vieira, que recebeu uma ordem de despejo. Ouça a reportagem.
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À porta de Rita, juntam-se outras mulheres. Vieram mostrar solidariedade. Estão na mesma situação - também elas ocuparam casas, têm filhos pequenos, vivem a incerteza. No final do mês, não recebem o suficiente para alugar casa, mas têm rendimento a mais para ter a direito a habitação da câmara.
Dam é outro dos casos de ocupação. Com um rendimento de 419 euros, tem três filhos e vive com a mãe acamada. Não tem direito a habitação social.
A TSF pediu uma reação a câmara de Lisboa. A vereadora da Habitação, Paula Marques, considera que Rita Vieira tem uma alternativa: pode ir viver com a avó.
A vereadora da Câmara de Lisboa responde ao caso concreto de Rita Vieira e defende que os problemas da habitação não se resolvem desta forma.
Já Rita Vieira explica que a solução sugerida pela câmara não é viável. A avó não quer receber Rita e as crianças e a casa é pequena todos.
Esta quarta-feira, a polícia não chegou. Talvez venha amanhã. Ou depois. Até lá, Rita tem as malas prontas.
Um caso entre tantos. Rita Silva, da associação Habita, lembra que este não é um problema isolado. Há centenas de famílias a ocupar casas da câmara de Lisboa que estavam ao abandono.
"Viver numa casa ocupada é uma situação de instabilidade e insegurança permanentes", explica Rita Silva, que denuncia muitos casos semelhantes ao de Rita Vieira.
A representante da Habita explica que têm pedido à câmara reuniões para tentar resolver estas situações.
Rita Silva lembra que o problema da habitação é estrutural e abrange muitas famílias.