Por cada 100 gramas de tripas à moda do Porto, confecionados com enchidos magros, há 234 quilocalorias. Isto quer dizer que se ingerirmos cerca de 300 gramas daquelas tripas à moda do Porto, vamos acabar a refeição com uma porção de cerca de 700 quilocalorias, o que é um resultado "muito animador", disse à Lusa o diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP).
As conclusões da análise laboratorial da FCNAUP são ainda "mais entusiasmantes", porque as quilocalorias do prato de tripas estudado com orelheira, mão de vaca, salpicão magro, cenoura, cominhos, feijão e pimenta, com 300 gramas são ainda mais baixas, do que uma refeição de hambúrguer e uma dose de batatas fritas média, que aponta para 850 quilocalorias, adiantou o diretor da Faculdade, Pedro Moreira.
Em entrevista telefónica à Lusa, a propósito da conferência "Redescobrir a Alimentação Tradicional Portuguesa", que se vai realizar no próximo domingo, dia 29, no Porto, no âmbito do Dia Nacional da Gastronomia, Pedro Moreira, explicou que as tripas à moda do Porto, com 600 anos de existência, são o "paradigma da tradição gastronómica no Porto", tanto pelo valor nutricional, como pela sua dimensão histórica e afetiva.
"Comer não pode ser só um somatório de nutrientes. Comer tem uma dimensão nutricional, mas tem também o seu lado mais afetivo, tradicional e histórico como é o caso das tripas à moda do Porto", defendeu o investigador, referindo que depois de traçado, em análise laboratorial, o "bilhete de identidade" daquele prato portuense, justifica-se que seja referido para celebrar o Dia Nacional da Gastronomia, uma data que reconhece "a importância da preservação e da valorização do património gastronómico português".
Aproveitando o Dia Nacional da Gastronomia, a FCNAUP, para além de aflorar os temas "Redescobrir a Alimentação Tradicional Portuguesa" e "Da Idade do gelo à Francesinha", pretende também valorizar a "gastronomia rústica" e as tradições alimentares locais, designadamente o azeite, vinhos, frutas e produtos locais, e, por outro lado, contrariar a "superabundância de alimentos ultra processados e ricos em açúcar, sal e gordura".
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"Na gastronomia nacional existem autênticos tratados de combinações alimentares saudáveis, especialmente quando estas propostas são consideradas no conjunto da refeição, em que há que contar com a sopa e a sobremesa, para além do prato principal", acrescentou Pedro Moreira, alertando que se deve fritar o menos possível os alimentos, porque "fritar muito poderá aumentar o risco de ganho de peso e de hipertensão" e pode também "agravar o envelhecimento".
O Dia Nacional da Gastronomia foi instituído em 2015 pela Assembleia da República Portuguesa. A FCNAUP assinala a data com duas conferências abertas à comunidade e disponíveis na sua página da Internet.