Viseu tem uma prisão especial

O Estabelecimento Prisional Especial de Viseu é uma prisão diferente de todas as outras. Quase não há grades nem muros e é o trabalho que preenche os dias de reclusão.

Há em Portugal quase 12 mil reclusos mas são muito poucos os que trabalham no tempo em que cumprem penas. No Estabelecimento Prisional de Viseu os presos recebem salário e a cadeia ainda entrega ao IGCP quase 30 mil euros por ano.

"Este estabelecimento prisional tem todas as condições para ser autosuficiente". Assim escreveu, em "Grito de um prisioneiro" o recluso José Eugénio. Foi na cadeia do Campo que se fez escritor e poeta. Com o pseudónimo Dante de Carvalho evocou a "janela gradeada que turva o sentimento", teorizando sobre o sistema prisional. Antes de sair em liberdade desejou que "toda a gente que colabora com o crime pudesse vir a ser chamada à responsabilidade para mudar a sua forma de estar na sociedade. É preciso dar-lhes formação". É isso que faz o Estabelecimento Prisional do Campo. Oliveira, "preso por tentativa de homicidio", cumpre a pena com os dias ocupados no trabalho.

Estabelecimento Prisional do Campo, trabalhar enquanto se cumpre pena

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O director defende que a cadeia continue a trabalhar para a comunidade. E "talvez assim se consiga vencer o estigma porque quem esteve preso tem dificuldades em se reintegrar na sociedade". José Pedreira dige o Estabelcimento Prisional Especial de Viseu, em regime aberto e defende que "o trabalho é a grande escola de reinserção".

Nesta prisão há carpintaria, serralharia, lavandaria oficina e 4 hectares de terras cultivadas. Aqui preparam-se os reclusos para o dia em que sairem o portão da cadeia, que está sempre aberto. João Silva passa os dias ocupado e "pensando em não cometer os mesmos erros".

Aqui há também 6 hectares de terra que ocupam outros reclusos, como Luis, preso por fogo posto e que cumpre pena a trabalhar na lavoura. "O trabalho é também uma oportunidade de pagar a dívida para com a sociedade de uma maneira diferente", sustenta o director.

Aqui cada preso "é pago pelo trabalho que faz, 50 euros mês e a cadeia ainda entrega dinheiro ao Estado" adianta José Pedreira. 25 Mil euros ano, metade dos quais oriundo da produção agrícola. A outra metade vem do pavilhão gimnodesportivo que é alugado para eventos.

"Dinheiro que alivia as familias e que ajuda a pagar os pequenos vicios" conta Abel, 61 anos, um terço dos quais dentro da cadeia, por crimes ligados à droga.

Mas o grande problema, diz Rui Lima, psicologo e adjunto do director, "é gerir as expectativas. A estrada está mesmo ali mas é preciso saber que há uma pena para cumprir".Talvez este possa vir a ser o novo modelo do sistema prisional português. Não há um unico recluso que não esteja a trabalhar numa prisão que fica na Avenida da Liberdade, em Viseu. Este modelo será em breve apresentado à Ministra da Justiça.

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