Os 29 milhões de euros que a ministra da Agricultura anunciou hoje para dinamizar os efeitos da seca são para obras que não incluem o regadio do Alqueva.
Corpo do artigo
Com 75 por cento do território atingido pela seca, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, prometeu, esta terça-feira, libertar 29 milhões de euros para projectos de regadio em várias zonas do país, reconhecendo a ministra que muitos agricultores estão a viver situações delicadas.
Contudo, ao que apurou a TSF junto do Governo, os 29 milhões de euros destinam-se a obras hidroagrícolas que na melhor das hipóteses só devem estar concluídas no final do primeiro semestre e outras depois de 2013.
Contactado pela TSF, o Ministério da Agricultura fala por exemplo na Cova da Beira, das obras dos blocos de rega da Fatela e Fundão, também da conclusão da barragem de Veiros, em Estremoz e no Vale do Mondego.
Em declarações à TSF, João Madeira, da Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo, disse estranhar a opção do executivo, considerando que existem dois pesos e duas medidas no ministério de Assunção Cristas.
«Num cenário, como o que é traçado pela ministra, em que não há dinheiro no Proder a ponto de transferirmos o investimento em Alqueva para fora do Prode, nós vemos com alguma surpresa e até alguma estranheza que de repente apareça dinheiro para concluir regadio em outras zonas do país», comentou João Madeira.
«Não temos, obviamente, nada contra a conclusão das obras de regadio, o que vemos é que uma obra com a dimensão e importância estrutural, tal como o Alqueva tem para o Alentejo, parece-me uma actuação com dois pesos e duas medidas porque num cenário em que não há verbas, não há verbas. Mas parece que afinal não é bem assim», referiu.
Por isso, João Madeira desafia a ministra da Agricultura a dizer que plano tem para o regadio do Alqueva.
Também em declarações à TSF, Luís Mira, da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), disse que esperava mais da tutela atendendo à situação dramática de muitos agricultores, face aos prejuízos provocados pela seca.
«Não se fazem agora barragens para resolver a questão que temos neste momento. São medidas estruturais de fundo que são importantes, mas há aqui um outro problema que é o problema actual que as pessoas estão a sofrer neste momento», frisou Luís Mira.