Fazer "parar o tempo" para despertar consciências é o objetivo da campanha com fins solidários que, a partir deste domingo, será posta em prática no Porto pela U.DREAM, uma organização sem fins lucrativos composta por estudantes universitários.
Corpo do artigo
Sob o slogan "E se o tempo parasse? Paravas?", a iniciativa, que conta com o apoio da autarquia portuense, da Metro do Porto e de várias faculdades, inclui um leque de ações de intervenção urbana, que decorrerão em diferentes pontos da cidade, ao longo das próximas duas semanas.
«Dia 21 vamos fazer uma espécie de 'freeze': vamos pegar em mais ou menos 150 pessoas e vamos parar todos ao mesmo tempo durante dois minutos e ver qual é a reação das pessoas», conta Diogo Mendes (21 anos), presidente da U.DREAM.
A ideia, justifica, é arrancar as pessoas à rotina e mostrar-lhe que «podem ajudar a mudar o mundo com as próprias mãos».
«Acreditamos que podemos acordar a cidade do Porto e fazê-las acreditar na capacidade de nos ajudarmos uns aos outros», explicou Diogo Mendes, presidente da U.DREAM, à agência Lusa.
A iniciativa culmina com um espetáculo que decorrerá na Exponor, a 28 de março, em que as verbas resultantes das vendas dos bilhetes serão usadas em prol de um dos grandes objetivos da organização - ajudar a concretizar os sonhos de crianças com problemas graves de saúde.
Fundada em agosto de 2013, graças à vontade de alguém que viveu um problema semelhante, a U.DREAM conta hoje com mais de 80 alunos de dez faculdades da Universidade do Porto.
«Quando estava no nono ano, tive uma tuberculose pleural que me impediu de ir às aulas. Desde aí que comecei a pensar numa forma de fazer algo que tivesse impacto», recorda Diogo Cruz, o fundador.
No primeiro ano e meio, este projeto permitiu já a concretização de mais de 20 sonhos, graças a dois modelos de sustentabilidade desenvolvidos por ele: por um lado, as quotas pagas por empresas ou particulares que se tornam sócios da U.DREAM; por outro, a prestação de serviços de consultoria a entidades parceiras, que, em troca, lhes asseguram a realização de sonhos.
«O que nós fazemos é detetar um problema social, potenciar o conhecimento técnico dos nossos membros, através de parcerias com escolas conceituadas que lhes dão formação, e depois pegar nessas qualidades e dar às empresas aquilo que elas procuram», diz Diogo Mendes.
Enquanto isso, os membros do departamento de relações humanas garantem o acompanhamento sistemático de crianças doentes.
«Temos dois elementos que todas as manhãs vão ao IPO e duas tardes por semana ao Centro Raríssimas, na Maia. E vamos semanalmente a casa das crianças que estamos a acompanhar. Procuramos descobrir quais são os sonhos e apurar as necessidades que têm», explica Sara Bastos, diretora de departamento de relações humanas da U.DREAM.
Só depois, após um acompanhamento de três meses, é posta em prática a concretização do sonho, que vai desde a possibilidade de as crianças conhecerem um dos seus ídolos a necessidades mais prementes.
«Já tivemos um caso em que realizámos o sonho à criança e, passado um ano, o cancro voltou e a família ficou sem casa. Num mês conseguimos uma casa nova, remodelámos a casa toda em três dias e arranjámos uma empresa que patrocina mensalmente o pagamento da renda», recorda o presidente da U.DREAM.