Um reator nuclear de fusão do tamanho de um contentor e com capacidade para alimentar 100 mil casas foi apresentado ontem pela empresa norte-americana Lockheead Martin. Uma tecnologia considerada super limpa que vai estar disponível no mercado energético daqui a dez anos.
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A fusão nuclear tem sido considerada o "Santo Gral" da energia. Existem experiências académicas internacionais como o super reator Tokamak instalado em França e desenhado para produzir 500 megawatts de eletricidade, mas até agora estas ideias não tinham chegado ao meio empresarial.
Foi isso que fez uma empresa norte-americana ligada aos aviões. A Lockheed Martin anunciou ontem ter conseguido construir um mini reator de fusão nuclear com capacidade para cem megawatts, o equivalente para alimentar uma pequena cidade de cem mil habitações.
A empresa pede agora financiamento a investidores privados para continuar o trabalho. É isso que o líder do projeto e investigador do MIT, Thomas McGuire, explica num vídeo colocado no YouTube.
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Dentro de cinco anos é possível ter um protótipo e daqui a uma década o modelo final. O reator tem a dimensão de dois metros por três, ou seja cabe dentro de um pequeno contentor.
A fusão nuclear é a criação em ambiente controlado do mesmo tipo de energia produzido pelas estrelas. Quer isto dizer que a fusão nuclear acontece quando dois ou mais átomos de energia colidem, criando um novo núcleo atómico capaz de libertar uma grande quantidade de energia.
Para isso, não é preciso mais do que uma pequena quantidade de combustível, cerca de 25 quilos por ano de deutério e de trício, matérias quase inesgotáveis e nada raras.
O deutério é extraído da água e por isso está disponível em todo o mundo. O trício precisa ser produzido a partir do lítio, existente na crosta terreste e usado nas baterias dos telemóveis. Portugal é mesmo o quinto produtor mundial de lítio.
Quanto aos resíduos, ao contrário da tradicional cissão nuclear esta tecnologia de fusão é considerada super limpa porque não há produção de resíduos radioativos de longa duração.
A radioatividade existente baixa de forma rápida ainda dentro da câmara do reator. No caso de uma falha, o plasma atinge as paredes do reator e arrefece de imediato. Também não há produtos de combustão química numa reação de fusão e portanto não há poluição do ar ou da água.
O facto deste projeto ter sido desenvolvido por uma empresa de aeronáutica não foi por acaso. A Lockheed anda à procura de um novo motor, com energia mais limpa e eficiente, capaz de colocar no ar um avião de passageiros.