Ossos, dentes e azulejos de antiga igreja descobertos na praça das Caldas da Rainha
Ossos humanos, dentes e azulejos de uma antiga igreja demolida no final do século XIX foram hoje descobertos na Praça da Fruta das Caldas da Rainha, durante uma sondagem arqueológica inserida nas obras de requalificação do mercado.
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A sondagem iniciada hoje permitiu encontrar "vários ossos humanos fragmentados e dois ou três dentes que se encontravam em sedimentos revolvidos e em posição descontextualizada", que a arqueóloga Alexandra Figueiredo julga terem sido ali depositados aquando das terraplanagens para a construção da Praça da Fruta.
Segundo a responsável pela sondagem arqueológica, a descoberta de vestígios naquele local «era expectável», uma vez que havia registos da existência, entre os séculos XVI e XIX, de uma igreja que «foi demolida e os restos da demolição usados, juntamente com outras terras, para aplanar a zona onde foi construída a praça».
Alguns fragmentos de azulejos, «uns do século XVII e outros possivelmente de datas mais próximas da fase final da igreja», foram também encontrados no local, levando a equipa a admitir que «a própria igreja tenha sido alvo de uma reconstrução».
As descobertas não impedem, para já, a continuação da obra de requalificação da praça, mas até ao final da semana serão ainda realizadas mais duas sondagens que poderão resultar em novas descobertas «que justifiquem a realização de uma escavação mais profunda», uma vez que a sondagem atual não ultrapassa um metro de profundidade.
Os achados agora descobertos vão «ser alvo de estudos arqueológicos e antropológicos», já que segundo a mesma responsável, poderão «revelar novos dados sobre o tipo de população que habitou esta zona, as doenças de que padeciam e alguns hábitos».
Esta é a segunda descoberta arqueológica desde o início das obras de regeneração urbana das Caldas da Rainha, depois de, em abril de 2012, terem sido encontradas ossadas e dentes humanos junto a um antigo lar de enfermeiras, durante uma obra de substituição de condutas na zona histórica da cidade.
À semelhança dessa ocasião - em que os achados foram tapados com uma manta geotêxtil e uma camada de areia para garantir a sua preservação e posterior estudo se fosse esse o entendimento do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR) - os vestígios agora descobertos vão ser alvo do mesmo tipo de cuidados, assegurou à Lusa a arqueóloga do Instituto Politécnico de Tomar.