O poeta brasileiro Manoel de Barros faleceu hoje, aos 97 anos, no hospital Proncor, na cidade de Campo Grande, centro-oeste do Brasil, onde convalescia de uma cirurgia.
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O poeta foi submetido a uma cirurgia aos intestino no dia 24 de outubro e ainda se encontrava no hospital em recuperação. A instituição não forneceu maior detalhes sobre o motivo exato da morte.
Ativo até os últimos dias, Manoel de Barros escreveu ao todo 28 livros, entre poesia, livros infantis e relatos autobiográficos. A sua última obra, «Portas de Pedro Viana», foi publicada em 2013, quando já tinha 97 anos.
Venceu duas vezes o prémio Jabuti, principal galardão da literatura brasileira, com as obras «O Guardados de Águas» (1990) e «O Fazedor do Amanhacer» (2001). Entre as suas obras mais conhecidas figura ainda «Livro Sobre Nada» (1996). Em Portugal, o seu trabalho foi publicado em 2000 sob o título «O Encantador de Palavras», com organização e seleção do escritor Valter Hugo Mãe.
Filho de um fazendeiro, Manoel de Barros estudou num internato, onde teve longo contato com a obra de padre António Vieira. Estudou Direito no Rio de Janeiro, aproximando-se das ideias comunistas, vindo a integrar posteriormente a organização Juventude Comunista.
O poeta rompe ideologicamente depois de se sentir dececionado com Luís Carlos Prestes, líder dos comunistas braisleiros, que decide, após dez anos de prisão, apoiar Getúlio Vargas, o mesmo presidente que o tinha mandado à prisão e entregado a sua companheira, Olga Benário, ao regime nazista.
Sobre a sua rotina de escritor, Barros costumava dizer que se dedicava todos os dias a uma espécie de «escavação das palavras», consultando livros antigos e dicionários de etimologia num escritório da sua própria casa, ao qual se referia como «lugar de ser inútil».