O filme realizado pelo dissidente iraniano Jafar Panahi era o grande favorito ao prémio principal da 65ª edição do Festival de Berlim. Na ausência do cineasta, impedido de sair do Irão, foi a sobrinha Hana Saeidi que subiu ao palco para receber o Urso de Ouro.
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No filme, o próprio Jafar Panahi conduz um táxi em Teerão e vai mantendo diálogos com os passageiros, num retrato da sociedade iraniana, e é a continuação da série de "filmes escondidos" do cineasta, que começou com «This Is Not a Film» e «Behind the Curtain». São filmes realizados depois de Jafar Panahi ter sido preso em 2010 e proibido de trabalhar ou viajar durante 20 anos por alegadamente fazer «filmes críticos do regime».
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O júri da Berlinale, presidido pelo realizador norte-americano Darren Aronofsky disse que Panahi, apesar de todas as limitações, conseguiu criar «uma carta de amor ao cinema». Para além do Urso de Ouro para Melhor Filme, «Taxi» recebeu na sexta-feira o prémio Fipresci, da Federação Internacional de Críticos de Cinema.
Na ausência do realizador, impedido de sair do Irão, foi a sobrinha que hoje subiu ao palco em Berlim e recebeu, emocionada, o Urso de Ouro. «Sou incapaz de dizer o que quer que seja. Estou demasiado comovida», disse a rapariga, brandindo o troféu.
O Urso de Prata Especial foi para «Ixcanul», o primeiro filme do realizador guatemalteco Jayro Bustamante, de 37 anos, sobre uma jovem Maia que sonha em emigrar para os Estados Unidos.
O Grande Prémio do Júri do festival foi para «El Club», quinta longa-metragem do chileno Pablo Larraín, sobre os traumatismos do Chile através do estudo de uma comunidade religiosa abalada por um escândalo. «45 Years», do inglês Andrew Haigh, viu distinguidos os seus protagonistas: Tom Courtenay e Charlotte Rampling - que foram considerados, respetivamente, Melhor Ator e Melhor Atriz.
O Urso de Prata de Melhor Realização foi dividido por Radu Jude («Aferim») e Malgorzata Szumowska («Body»), e documentário «El Botón de Nácar» do chileno Patricio Guzmán, venceu o Urso de Prata de melhor argumento.