Sindicatos alinharam no pedido de suspensão das negociações UE-EUA e afastam qualquer hipótese de acordo caso direitos laborais sejam postos em causa. Patrões apontam benefícios mas pedem garantias.
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As associações patronais portuguesas não têm dúvidas de que a Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) traria muitas vantagens à economia, permitindo "afirmar a parceria transatlântica" para combater o crescimento da China no contexto internacional.
António Neto da Silva, da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), acredita que a assinatura do TTIP daria lugar "a um crescimento do comércio e do emprego" e salienta que, caso não seja afirmada a parceria da União Europeia com os Estados Unidos, "a China continuará a impor as próprias regras" no mercado global.
Neto da Silva alerta, no entanto, que a Europa tem de defender a posição das empresas durante o processo negocial. "Há linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas", defende, dando como exemplo as contas públicas e os subsídios a atividades que na Europa estão liberalizadas.
Pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Pedro Pereira lembra que há normas de segurança alimentar e ambiental que devem ser mantidas.
Pedro Pereira defende que "há preocupações dos agricultores que têm de ser acauteladas" e que a Europa "não pode nivelar por baixo" durante as negociações. A CAP aplaude, ainda assim, a União pelas posições que tem mantido nas questões fitossanitárias, veterinárias e de bem-estar animal.
Já os sindicatos mostram-se muito mais céticos em relação a eventuais consequências da assinatura de uma parceria desta dimensão e garantem que vão manter-se "muito atentos ao processo negocial em curso".
Carlos Trindade da CGTP recorda que, por ter muitas dúvidas sobre o TTIP, "o movimento sindical europeu pediu a suspensão das negociações" do tratado. O sindicalista admite, todavia, que essa intransigência trouxe vantagens no debate entretanto realizado. "Há mais informação, foram criadas linhas vermelhas à Comissão, foram salvaguardados os standards ambientais, direitos sociais e do modelo social europeu", destaca. Mas para a CGTP "o processo negocial não está fechado".
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