"Retrocesso inaceitável." Sindicato repudia expulsão da comunicação social portuguesa da Guiné-Bissau
Tal decisão constitui, para o Sindicato dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social da Guiné-Bissau, “um grave atentado à liberdade de imprensa, à liberdade de expressão e ao direito dos cidadãos guineenses de aceder a uma informação plural, livre e independente”
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O Sindicato dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social (SINJOTECS) da Guiné-Bissau repudiou esta sexta-feira o encerramento das emissões da agência Lusa, RTP África e RDP no país por decisão do Governo guineense.
Em comunicado, o sindicato manifesta “profundo repúdio” e condena “com veemência a decisão unilateral do Governo da Guiné-Bissau de encerrar as emissões” dos órgãos de comunicação social portugueses, bem como de ordenar a expulsão dos respetivos representantes.
O SINJOTECS exige “a reversão imediata da decisão de encerramento das emissões e a revogação das ordens de expulsão” e apela à solidariedade dos parceiros internacionais, organizações da sociedade civil e demais sindicatos de imprensa, no sentido de condenarem esta medida.
As delegações da Agência Lusa, da RTP e da RDP foram expulsas da Guiné-Bissau, as suas emissões suspensas a partir desta sexta-feira e os representantes têm que deixar o país até terça-feira, por decisão do Governo guineense, que não esclareceu as razões.
Tal decisão constitui para o sindicato guineense “um grave atentado à liberdade de imprensa, à liberdade de expressão e ao direito dos cidadãos guineenses de aceder a uma informação plural, livre e independente”.
O encerramento da RTP África, a RDP e a Agência Lusa representa “um retrocesso inaceitável no caminho para a consolidação da democracia, da transparência e do Estado de Direito na Guiné-Bissau”, lê-se no comunicado.
O SINJOTECS considera que os órgãos de comunicação social portugueses “desempenham, há décadas, um papel relevante na promoção do direito à informação, da diversidade de vozes e da cooperação entre os povos de língua portuguesa”
Para a organização sindical, trata-se de uma medida “arbitrária, desproporcionada e politicamente motivada”, que coloca em risco “o exercício da profissão jornalística” e “a imagem internacional do país”.
A Liga Guineense dos Direitos Humanos também condenou esta sexta-feira a decisão do Governo da Guiné-Bissau, que considera “abrupta, injustificada e de gravidade extrema”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português repudiou igualmente a expulsão, que classificou de “altamente censurável e injustificável”, e vai pedir explicações ao Governo guineense.
O embaixador da República da Guiné-Bissau em Lisboa foi, entretanto, convocado "para explicações e esclarecimentos junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros". A reunião está prevista para sábado.
As direções de informação da Lusa, RTP e RDP reagiram, em conjunto, à decisão do Governo guineense, que descrevem como "um ataque deliberado à liberdade de expressão". As direções de informação exigem que os jornalistas da Lusa, da Rádio e da Televisão da RTP possam continuar a exercer o direito de informar na Guiné-Bissau.