Terceira guerra "está próxima" e pode ser comercial: indústrias esperam que UE responda a "show-off desagradável" de Trump
As taxas anunciadas por Washington preocupam os industriais da metalurgia e também o setor automóvel. Já do lado das industriais portuguesas agroalimentares, os profissionais estão “convencidos que os Estados Unidos vão rever as tarifas”. No Fórum TSF, a Associação Empresarial de Portugal deixa um aviso
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As tarifas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estão a preocupar os industriais da metalurgia e também o setor automóvel. Esta quarta-feira, no Fórum TSF, o tema subiu a debate e o presidente da Associação Empresarial de Portugal avisa que o mundo pode "estar próximo de uma terceira guerra”, recomendando que o país diversifique mercados.
Em causa estão as taxas anunciadas por Washington de 25% a todas as importações de aço e alumínio.
Perante este cenário, Luís Miguel Ribeiro defende que “Portugal tem de fazer, reforçar e continuar um caminho para encontrar outras geografias” e lembra que o país pode ter uma janela de oportunidade com o acordo entre a União Europeia (UE) e Mercosul.
“Podemos estar próximo de uma terceira guerra. Tivemos em 2020 uma guerra sanitária, a seguir uma militar com a invasão da Ucrânia pela Rússia e agora podemos estar próximos de uma guerra comercial.”
Para já, Donald Trump assinou duas ordens executivas para impor tarifas de 25% às importações de alumínio e aço. No entanto, a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (Aimmap) está preocupada com o futuro, caso os Estados Unidos decidam aplicar também taxas de dez a 20% em relação a todos os produtos da UE.
“Aí ficará muito pior, porque soma estas taxas dos Estados Unidos às taxas europeias na matéria-prima e, portanto, aí sim é preocupante”, diz o vice-presidente da Aimmap, Rafael Campos Pereira.
O responsável espera que a UE negoceie com a Administração Trump. Ainda assim, sublinha que não basta colocar a responsabilidade do outro lado.
“Esperemos que a Comissão Europeia consiga fazer uma negociação sólida, mas, ao mesmo tempo, tenha a perceção de que não adianta nada estar nesse tipo de negociação, se não tomar ela própria as medidas que defendam a indústria Europeia, algo que neste momento não está a fazer.”
As preocupações estendem-se ao setor automóvel. Ouvido também no Fórum TSF, o presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, José Couto, reconhece as “barreiras” que as tarifas trazem para a Europa e nota que, na verdade, ainda não é conhecida a "dimensão real" do problema.
“Portugal exporta diretamente para os Estados Unidos, mas a maior componente é via Europa. Os nossos clientes estão na Europa. Nós produzimos componentes para a Europa, para os nossos clientes, que depois enviam para os Estados Unidos.”
Taxas impostas por Trump são "show-off desagradável"
Já do lado da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIFA), os profissionais estão “convencidos que os Estados Unidos vão rever as tarifas”. Para Jorge Henriques, Trump vai bater “com os burrinhos na água” e perceber que a medida também prejudica o próprio país.
“É um show-off desagradável o que está acontecer, com medidas que já se provaram na História que não trazem resultados.”
