Bombeiros deixam de trabalhar com ambulâncias do INEM por um dia, caso dívida não seja paga até quarta-feira
Em declarações à TSF, António Nunes assegura que a prestação de socorro não está em causa, mas avisa que esta pode ser "a primeira de outras ações que se possam fazer" e que terão "consequências mais graves"
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Os bombeiros ameaçam não trabalhar com ambulâncias do INEM durante um dia (na próxima sexta-feira), caso a dívida da emergência médica às corporações não seja paga até quarta-feira (dia 23). São cerca de 20 milhões de euros que estão por pagar.
O protesto foi aprovado por unanimidade numa reunião extraordinária da Liga dos Bombeiros Portugueses, numa tentativa de "sinalizar" o Governo e o INEM para o cumprimento dos acordos.
Em declarações à TSF, António Nunes, presidente da Liga, explica esta é uma posição tomada numa altura em que as tesourarias das associações estão com uma "degradação muito elevada do ponto de vista financeiro".
Se o INEM não pagar os serviços que são devidos até ao dia 23 (próxima quarta-feira), então, na sexta-feira, os corpos de bombeiros não prestarão serviços de emergência pré-hospitalar com ambulâncias afetas ao INEM.
Os bombeiros farão, então, os serviços com as suas próprias ambulâncias, "propriedade das nossas associações humanitárias de bombeiros", respeitando os pedidos que lhes sejam feitos pelo CODU. A media tem impacto sobretudo a nível, já que o valor de prestação de serviço é diferente: no caso das ambulâncias do INEM, o valor cobrada são 21 euros, enquanto que no caso das ambulâncias dos bombeiros o custo dispara para 45 euros (mais do dobro).
António Nunes esclarece, contudo, que a prestação de socorro não está em causa. "Se houver um acidente grave ou uma catástrofe, nós não vamos deixar a população por socorrer e, se houver necessidade de utilizar essas ambulâncias como reserva, nós fá-lo-emos sem dúvida alguma", esclarece. Ainda assim, avisa que esta pode ser "a primeira de outras ações que se possam fazer" e que terão "consequências mais graves".
A Liga dos Bombeiros Portugueses é uma entidade "consciente" que presta serviços "às suas comunidades", diz, lembrando que para sobreviverem, o "o Estado, o Governo e a Assembleia da República" têm de prestar "apoio, na medida do indispensável" à execução do trabalho.
Em causa estão os atrasos das Unidades Locais de Saúde (ULS) no pagamento aos bombeiros no que respeita ao transporte de doentes não urgentes, sendo a situação mais grave nas ULS da região de Coimbra, que “têm dívidas elevadas aos bombeiros”. Outros dos atrasos dizem respeito, segundo António Nunes, aos serviços prestados na emergência pré-hospitalar, estando o INEM por pagar aos bombeiros desde maio.
A TSF já tentou contactar o Ministério da Saúde e aguarda esclarecimentos.