Rangel revela que está em curso operação de repatriamento de 130 portugueses em Israel: deslocações rodoviárias com "riscos maiores"
O ministro assinala que estas são "situações muito complexas" e sublinha que, no caso da Jordânia, a "dimensão de segurança não está em causa", não vendo por isso "razão para preocupação"
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, revelou esta segunda-feira que já está em curso uma operação de repatriamento em Israel, numa resposta a 130 pedidos de ajuda.
"A situação mais importante era no Irão", de onde já saíram "quatro portugueses para o Azerbaijão". Já tinha "saído um pela Turquia" e "há ainda três expatriados que estão lá, mas que têm meios próprios para regressar".
A segunda situação mais complexa diz respeito aos cidadãos que estão em Israel: o ministério já recebeu 130 pedidos de repatriamento, por parte de um número significativo de cidadãos que estavam em trânsito (turismo ou trabalho) e ficaram sem aviões. Está, por isso, em curso uma operação de repatriamento para os trazer para Portugal, sendo que o prazo para a sua execução não é conhecido, mas levará o "seu tempo" para que estes cidadãos sejam colocados "num local seguro". Numa conferência de imprensa, Rangel lembra que, no Irão, Portugal fez "toda esta operação sem que ninguém soubesse".
Paulo Rangel, que recusa revelar "detalhes" para não pôr "em perigo" aqueles que são repatriados, fala num esquema de repatriamento com deslocações por via área e terrestre. As "deslocações rodoviárias grandes", admite, implicam "riscos maiores".
Todos os portugueses contactados, diz, estão bem.
O ministro assinala ainda que estas são "situações muito complexas" e sublinha que, no caso da Jordânia, a "dimensão de segurança não está em causa", não vendo por isso "razão para preocupação". Há neste momento 37 turistas retidos neste país, "sem risco de ataque", devido ao encerramento temporário do espaço aéreo, que acusaram o Governo de inação. Rangel adianta, contudo, que já recebeu quatro contactos de pessoas que se mostram "tranquilas".
O governante vinca, por isso, as diferenças com a situação em Israel, onde "todos os dias caem mísseis" e onde o conflito já está "materializado". Ainda assim, "há milhares de portugueses" que, para já, não mostraram qualquer intenção de deixar o Estado israelita.
Todos aqueles que pediram ajuda, foram considerados nesta lista. Se mais houver, mais se considerarão.
Paulo Rangel destaca ainda que as operações de repatriamento estão, "talvez, a correr melhor do que o previsto", e insiste na necessidade de que o processo ocorra de forma "serena" para garantir que os portugueses "chegam bem".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros, lembra, desaconselha viagens para o Médio Oriente desde 7 de outubro de 2023. "Infelizmente, há muitos portugueses que não têm tido atenção estes avisos", nota, acrescentando que os portugueses que se desloquem para estes país devem fazer o seu registo no programa consular e junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Todos sabem que esta é uma zona de conflito muito arriscada", salienta.
Questionado ainda pela TSF sobre se condena a ação de Israel, Rangel recusa comentar, afirmando que a declaração feita esta segunda-feira aos jornalistas serve apenas para "tratar de questões de repatriamento" e remete qualquer consideração para o comunicado emitido pelo Governo durante o fim de semana.
A guerra entre Israel e o Irão foi desencadeada na madrugada de 13 de junho por bombardeamentos israelitas contra instalações militares e nucleares iranianas, matando lideranças militares, cientistas e civis.
Entre os mortos, contam-se pelo menos 15 oficiais superiores, confirmados por Teerão, incluindo o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Mohamad Hossein Baqari, o comandante-chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, Hossein Salami, e o chefe da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária, general Amir Ali Hajizadeh.
O Irão retaliou com centenas de mísseis contra Israel.
O conflito já fez dezenas de mortos e centenas de feridos de ambos os lados.