Rui Tavares define "três missões" para o Livre: governar, abrir porta de saída à extrema-direita e cortar polémicas internas
O Livre quer abrir a discussão para um geringonça 2.0, lembrando que as eleições legislativas podem acontecer mais cedo do que o previsto.
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Rui Tavares acena com três missões para o futuro do Livre: governar, ser a porta de saída para a extrema-direita e garantir a sustentabilidade do partido. São dez anos de um partido fundado em 2014, quando a “política tradicional não dava respostas”.
Foi pelo passado que Rui Tavares começou o discurso, no XIV congresso do Livre, que marcou o início da noite dos congressistas. Há dez anos, “era preciso um partido progressista” que permitisse uma união à esquerda.
“Oh diabo, se calhar, somos nós que temos de fazer um partido assim”, questionava Rui Tavares, na altura, com os seus pares. O agora deputado tomou a iniciativa e, dez anos depois, o Livre conta com um grupo parlamentar de quatro deputados.
Primeira missão: governar
Foi a deixa para Rui Tavares definir as “três missões” para os próximos anos, sustentando uma das mensagens construida na reunião magna do partido: o próximo passo é assumir um lugar no “Governo das esquerdas”.
“É uma ambição ainda maior do que a de formar um partido da esquerda, verde e europeia. A verdade é que temos de lutar por um novo ciclo. Esse ciclo tem de ser progressista e não vai ser monopolizado por uma maioria absoluta. Tem de ser plural e o Livre tem de ter uma palavra determinante”, apontou.
O Livre quer abrir a discussão para um geringonça 2.0, lembrando que as eleições legislativas podem acontecer mais cedo do que se pensa, “antes ou depois das eleições autárquicas”, que devem acontecer em setembro do próximo ano.
Segunda missão: combater o Chega
A segunda missão: combater a extrema-direita. O partido de André Ventura “não tem de continuar a crescer”, como muitos pensam, e Rui Tavares lembra a polémica do Chega com Marcelo, que quer criminalizar o Presidente da República por “traição à pátria”.
“Traição à pátria é estar a acontecer tudo o que está a acontecer no mundo e não ser falado na Assembleia da República. Traição à pátria é haver uma crise ecológica e eles estarem a voltar para atrás em tudo. Traição à pátria é continuar a haver estudantes no ensino superior que não conseguem acabar o curso porque nunca mais abolimos as propinas”, exemplificou.
Rui Tavares compromete-se, por isso, em mostrar “uma via de saída à extrema-direita e ao populismo autoritário”, pela mão do Livre.
Terceira missão: afastar guerras internas
O crescimento do partido no Parlamento mostra que o Livre “é viável”, mas Rui Tavares apela a que os militantes mostrem que também são “fiáveis”, sem guerras internas. As eleições primárias para as europeias geraram polémica, com acusações de viciação externa.
“O Livre tem de ter modos de funcionamento que estejam de tal forma afinados, que sejam correntes, para que não sejam o assunto principal. Se forem o assunto principal, impedem-nos de estarmos a falar de todos os outros assuntos que importam”, apelou.
E, para terminar, o olhar para os próximos desafios políticos: primeiro as regionais na Madeira, depois as europeias. Até porque no mês de maio “está tudo florido”, numa referência à papoila, o símbolo do partido.
“Não esquecemos ninguém, não deixamos ninguém à espera. Sabemos que vai dar muito trabalho, mas chegou o mês de maio, está tudo florido. Vamos querer mais, vamos fazer mais e vamos fazer com que mais gente queira mais”, concluiu.