Para o Presidente da República, "é evidente que, sendo a situação muito mais difícil do que era há um ano, é necessário fazer um esforço grande para que a governação dure mais tempo"
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou esta quarta-feira a que se faça "um esforço grande para que a governação dure mais tempo" tendo em conta o contexto global "muito difícil".
"Aquilo que se deseja é que, desta feita, porque a situação internacional é mais complicada, haja a preocupação de garantir uma legislatura o mais longa possível", afirmou o chefe de Estado, em resposta a perguntas dos jornalistas, no Palácio de Belém.
Segundo o Presidente da República, "é evidente que, sendo a situação muito mais difícil do que era há um ano, é necessário fazer um esforço grande para que a governação dure mais tempo".
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que quando se chegar à véspera das eleições legislativas antecipadas de 18 e maio os portugueses vão ter "o quadro todo" para decidirem o seu voto.
Questionado se antevê mais um ciclo eleitoral curto, o chefe de Estado respondeu que espera que as próximas semanas, até às eleições, "sejam esclarecedoras" e reiterou que "os debates vão ser muito importantes".
"É numa ocasião em que o mundo está a atravessar um momento muito, muito, muito difícil, mas, por isso mesmo, a escolha que os portugueses fizerem é uma escolha que é para valer por um período que se quer o mais longo possível", acrescentou.
O Presidente da República recusou comentar a pré-campanha para as legislativas. Interrogado sobre a eventual mistura entre iniciativas do Governo e do PSD, declarou: "Eu não me vou pronunciar, isso são questões de campanha eleitoral e de mobilização partidária, que é natural, da parte de todos os partidos, porque todos percebem como este ato eleitoral é importante."
Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que neste momento o Presidente não deve "ser um fator de ruído e de perturbação" e deve "esperar para, porventura, no dia da reflexão, na véspera das eleições, olhar para a campanha, olhar para o que aconteceu, e aí poder ir mais longe ou não".
Interrogado esta quarta-feira sobre o que quis dizer com "ir mais longe" na véspera das eleições, o Presidente da República não respondeu diretamente à pergunta e manifestou-se convicto de que "os partidos, eles próprios, à medida que vai decorrer a campanha eleitoral, porque são eles os grandes protagonistas, irão esclarecendo aquilo que pensam em relação ao futuro".
"E, ao esclarecer o que pensam em relação ao futuro, dão o quadro total para os portugueses poderem escolher. Eu penso que, quando chegarmos, ainda falta algum tempo, quando chegarmos à véspera das eleições, os portugueses têm o quadro todo", completou.
O chefe de Estado apontou como elemento relevante para a decisão dos portugueses saber-se "o quadro do que os americanos já fizeram e vão fazer" e também "daquilo que os europeus vão fazer para reagir a isso" e "daquilo que é preciso fazer cá dentro, para que o próximo Governo dure o mais tempo possível".
Marcelo Rebelo de Sousa distinguiu estas legislativas antecipadas das do ano passado, realizadas a 10 de março de 2024, em função da "nova posição americana" assumida pela administração de Donald Trump e a política de tarifas que deverá ser, entretanto, conhecida.
"Há um ano não havia isso, há um ano ainda se esperava o resultado da eleição americana, agora sabe-se qual é o resultado, sabe-se quais são as consequências, sabe-se o que isso significa nas relações entre a América e a Europa", realçou.
Para o Presidente, neste contexto, "o fundamental" é os partidos dizerem "como é que vão atuar no futuro, que propostas de governo apresentam para o futuro".
No seu entender, "os eleitores vão estar sensíveis" à situação das relações entre os Estados Unidos da América e a Europa e "vão estar muito sensíveis a tudo o que signifique uma governação longa, o que signifique, portanto, uma estabilidade".
