"Situação que nos transcendeu." ULS Oeste nega "recusa" a grávida que sofreu aborto e aponta "falhas de comunicação"
"A senhora andou às voltas até conseguir ter ideia de um onde poderia ir", disse Elsa Baião à TSF
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A presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Oeste, Elsa Baião, assegura que não houve qualquer recusa na admissão da grávida que sofreu esta segunda-feira um aborto espontâneo nas Caldas da Rainha, apontando que a senhora "andou às voltas" no hospital e lamentando falhas de comunicação.
"Esta utente veio para o hospital pelos seus próprios meios, na sua viatura, acompanhada, numa situação já crítica, dirigiu-se à consulta externa por desconhecimento. Na consulta externa, disseram-lhe que teria de ir à urgência. Quando chegou à urgência tinha um cartaz que dizia que, no dia de hoje, a urgência não estaria a funcionar e que deveria ligar a linha de Saúde 24 ou ao 112 em caso de emergência, o que fez", explica Elsa Baião em declarações à TSF.
Por isso mesmo, o conselho de administração da ULS do Oeste alega que ninguém teve a noção do que se estava a passar: "Ligou para a linha de Saúde 24 ou para o 112, não temos informação sobre isso, e ficou aguardar fora do hospital na sua viatura devidamente acompanhada. Ou seja, a senhora não foi admitida no hospital. Ninguém no hospital tinha a noção desta situação, da sua gravidade, nem do que estava a passar. A senhora estava fora do hospital - dentro do perímetro hospital, possivelmente, o carro penso que estava dentro do parque do hospital, mas fora das instalações hospitalares, dentro do edifício."
Elsa Baião garante que mal houve esse conhecimento da gravidade, a utente recebeu o tratamento necessário.
"Não houve aqui nenhuma negação de assistência a senhora, pelo contrário. Tanto que, entretanto, o INEM entrou em contato com o hospital, falou com a médica que estava de urgência interna, que prontamente admitiu a senhora, deu-lhe o tratamento e o encaminhamento necessário e a senhora foi atendida e, neste momento, toda a situação está controlada. Houve aqui a várias falhas de comunicação. A senhora andou às voltas até conseguir ter ideia de um onde poderia ir. Foi uma situação que nos transcendeu e que acabou por ficar fora do nosso controlo", aponta.
Questionada sobre se a ida à consulta externa não deveria servir de alerta para a situação, a líder da ULS do Oeste afirma que "na consulta externa não se fazem demissões à urgência" e que "ninguém ficou consciente da gravidade da situação".
"O hospital fica consciente da gravidade da situação quando a situação é relatada. A senhora não foi admitida. Se não foi admitida, nós não podemos ter consciência do que se está a passar. Não foi avisado de que seria uma situação tão crítica", argumenta.
Agora, Elsa Baião espera que tudo seja resolvido: "Estou perfeitamente tranquila e só quero que se esclareça a verdade e que que toda esta situação possa ser desmistificada, porque, claro, nenhuma instituição gosta de ficar com o ónus de que negou a assistência a uma utente, quando ainda por cima isso não sucedeu em momento nenhum."
O Hospital das Caldas da Rainha recusou atender esta segunda-feira uma grávida que sofreu um aborto espontâneo em casa, denunciaram à TSF os Bombeiros das Caldas da Rainha. A mulher dirigiu-se até à unidade de saúde pelos próprios meios. À chegada, a urgência obstétrica estava fechada e, por isso, num primeiro momento, esta grávida não foi atendida.
Os bombeiros depararam-se "com a senhora dentro do carro, com o feto num saco de plástico, com uma hemorragia abundante, já muito pálida, com muitas dores e muito sofrimento". O CODU "deu indicações para ir para o Hospital de Coimbra, para a Maternidade Dr. Bissaya Barreto", sublinha ainda.
Contactado pela TSF, o hospital desmente que tenha, em algum momento, recusado o atendimento à grávida. O gabinete de comunicação desta unidade de saúde assegura que a mulher nunca se dirigiu ao balcão e que optou por contactar o 112 quando percebeu que a urgência obstétrica estava fechada. Por isso, esclarece ainda, a mulher foi recebida no hospital após o pedido do Centro de Orientação de Doentes Urgentes.
Também contactado pela TSF, o Ministério da Saúde optou por não comentar este caso.